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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Capítulo 06



" 'Cause you've never really known until you're all on your own. "





A chuva em Tulsa finalmente havia parado, e a caminhada estava prestes a começar. Caroline estava suando frio, seu coração batendo absurdamente acelerado.
- Calma... fica fria, garota. Meu Deus.
- Estou tentando...
- É melhor a gente andar perto do Taylor, e você pode falar com ele no fim da caminhada. No fim, entendeu? Quando eles estiverem indo embora.
- Sim... claro... é.
- Pare de ofegar, está me deixando agoniada!
A multidão começou a andar. Os irmãos Hanson passaram por elas, se espalhando em meio às dezenas de fãs.
- Droga, ele me viu Jéssica? Acho que ele me viu!
- Não viu não, relaxa.
Elas dispararam para frente, dispostas a ficar na cola de Taylor. Caroline estava indo praticamente arrastada pela amiga.
- Se acalma, mulher. Você ainda tem uns quarenta minutos para preparar o que vai dizer.
- Ok... estou calma... estou calma. Ei, quem é aquele cara? - Perguntou ela afobada, apontando um homem que andava na direção contrária ao mar de fãs.
- Oh oh... acho que eles estão transmitindo isso para a internet... é o camera man...
- Merda!
- Olha a boca, Caroline.
Ambas estavam bem atrás de Taylor, que por algum milagre, ainda não havia reparado na presença das garotas ali. Jéssica tentava acalmar a amiga, que se distraía com qualquer coisa.
- Aquela menina está me olhando estranho. Ela sabe que eu fiquei com ele.
- Deixa de ser paranoica por favor?
- Meu Deus, isso vai ser terrivelmente complicado.
- Ih Carol... olha quem está ali.
Jéssica apontava alguns metros à direita. A garota olhou, boquiabrindo-se ao ver, mais uma vez, Maggie e Amy.
- Não, de novo não! ODEIO aquelas duas! - Disse Caroline, alterada. Seu humor estava variando muito nos últimos dias. As últimas palavras saíram relativamente altas, e Taylor virou para trás, dando de cara com as garotas. Ele estava de óculos escuros, mas Caroline tinha certeza de que estava arregalando os olhos.
- Oi Taylor. - Disse ela rapidamente, mantendo a voz natural.
- Oi... - Começou ele, mas travou repentinamente. Temia dizer qualquer coisa errada enquanto era o centro de tantas atenções.
Caroline se adiantou até estar ao lado dele, Jéssica vindo logo atrás. Não deixou de perceber que ele se afastou ligeiramente, quase como se não quisesse fazer qualquer contato com ela.
- Ahn... tenho que dizer...
- Aqui não. - Cortou Taylor, em um múrmurio. - Está tentando acabar comigo?
Jéssica puxou a amiga pela camiseta, lançando a ela um olhar de censura.
- No fim! Eu disse no fim! - Sibilou. Algumas fãs observavam aquela dupla, curiosas.
Caroline se desvencilhou da amiga.
- Só quero preparar o terreno... - Confidenciou ela, voltando a se aproximar do loiro, mas ele já estava absorto em uma conversa com outras garotas.
- E temos planos de ir para o exterior, mas diga à sua amiga australiana que não é nada muito certo. Claro que ela sempre pode vir para cá nos ver, todas as fãs são bem vindas. - Dizia ele, sorrindo abertamente. Caroline esperou que terminasse para chamar sua atenção.
- Ei, Taylor... - Começou ela, mas ele imediatamente se virou para começar a falar com outra menina. Mais uma vez, ela aguardou que terminasse.
- Taylor... Taylor... Disse novamente, embora estivesse óbvio que estava sendo ignorada. Falava alto o suficiente para que todas as pessoas em um raio de três metros a escutassem, e ele, que estava bem ao lado dela, parecia não ouvir.
- Taylor! TAYLOR! - A garota estava entrando em desespero. Odiava aquele tipo de coisa, achava aquela atitude repugnante. Perdendo a paciência, puxou o rapaz pela manga da camisa, interrompendo sua conversa com algumas fãs.
- Você quer me escutar?? Estou grávida! - Cochichou ela com urgência, para que somente ele a ouvisse.
Taylor parou de andar imediatamente, encarando-a, sua boca aberta em um esgar de surpresa. As pessoas à sua volta começaram a parar também, parecendo intrigadas. Ninguém havia ouvido as últimas palavras de Caroline, mas evidentemente, uma tensão se formara ali. Ela estava parada, as mãos cobrindo a boca, mais uma vez arrependida por ter falado demais, e ele simplesmente a observava, sem saber o que dizer. Toda a multidão havia parado de andar agora, e os que estavam mais longe, olhavam para Taylor com visível expectativa. Provavelmente pensavam que haviam parado para o discurso de meio de caminhada.
Ninguém falou nada por um momento, todos aguardando educadamente. Isaac pigarreou alto.
- Ah, é... bem... ok então. - Começou Taylor, desviando os olhos de Caroline. Sua voz estava aguda. - As crianças... as crianças na África...
- Hum... o megafone, Taylor. - Disse Isaac, olhando de esguelha para o irmão. Algumas pessoas riram.
- É verdade. - Recomeçou o loiro, lembrando-se de usar o instrumento, que pendia inerte de sua mão. - Han, bom.... as crianças na... as crianças da...
- África... - Disse Zac, tentando ajudar.
- África... sofrem diariamente, com a falta de remédios... sapatos... han... a aids....
Os irmãos o encararam, perplexos. Taylor, que geralmente era tão bom para falar em público e já fizera aquele mesmo discurso mil vezes, parecia ter perdido o senso. Gaguejava, tropeçando nas próprias palavras e resmungando baixo.
- A aids, que mata crianças diariamente na África... crianças que já nascem doentes... e nascem sem sapatos...
O público olhava de modo estranho para ele, alguns se segurando para não rir, outros tentando entender o que ele estava dizendo. O próprio camera man, que filmava o discurso, parecia estar em dúvida se deveria continuar ou simplesmente desligar sua câmera.
- Muitos bebês nascem com aids... muitos bebês, todos os dias nascem bebês... são muitos bebês, precisamos dar um fim nisso, Meu Deus! Por que tantos bebês? - Choramingava Taylor desesperado no megafone, parecendo ter esquecido que estava sendo observado por centenas de pessoas. Qualquer um poderia pensar que o sol teria torrado o cérebro dele, mas o dia estava nublado. Isaac tomou o megafone das mãos do irmão imediatamente, recomeçando o discurso, enquanto Zac escoltava Taylor para longe da atenção das pessoas.
- Não se preocupem pessoal, Taylor só está preocupado com o show de hoje a noite, é uma grande pressão tocar para o nosso público preferido. - Disse o mais velho, tentando amenizar a situação, ao notar que várias pessoas continuavam a olhar curiosas para Taylor. A piadinha pareceu refazer o clima leve, e todos voltaram a prestar atenção em Isaac, exceto Caroline e Jéssica, que sabiam exatamente o que se passava.
- Caroline, por que fez isso? Perdeu o juízo? - As duas cochichavam entre si.
- Eu não sei... desculpe, desculpe, ele estava me ignorando! Alguém nos ouviu?
- Acho que não...
- Ótimo, vou falar com ele.
- Não, o que você... não! - Resmungou Jéssica, mas a garota saíra correndo.
Taylor e Zac estavam logo atrás da multidão de fãs, conversando em voz baixa. Ninguém parecia lhes dar muita atenção, até Caroline se aproximar.
- Taylor...
- Você... você... - Murmurou ele, aterrorizado. - Estava falando a verdade?
- Claro que estava... desculpe, a Jéssica me disse para esperar até o fim da caminhada, mas fiquei nervosa... você não me respondia...
Jéssica alcançou a amiga neste momento, ofegante.
- É... eu disse mesmo! - Resmungou ela, apontando um dedo acusador para a amiga.
- Meu Deus... - Sussurrou Taylor, escondendo o rosto nas mãos.
- O que está acontecendo? Não estou entendendo nada! - Reclamou Zac. - Taylor, o que está havendo? Essa não é a fã que está...
Ele se calou diante do olhar zangado do irmão.
- Tem certeza disso? Não é possível! - O rosto de Taylor estava branco. Mais branco do que o comum. - Não pode ser verdade, você está brincando comigo, só pode ser...
- Você acha que estou mentindo? - Perguntou Caroline, desnecessariamente alto. - Eu achei que devia te contar, mas se você tem a ilusão de que é perfeito o suficiente para estar acima das leis da biologia, sinto muito, finja que não escutou.
Zac assoviou baixinho, olhando admirado para a garota.
- Uau, ela é bem direta Tay. - Disse ele sorridente, dando uma cotovelada amigável no irmão. - Vão me explicar o que está acontecendo? - Todos o ignoraram.
- Desculpe... eu não posso... não posso lidar com isso agora... - Disse Taylor, olhando desolado para as duas.
- Lidar com o que? - Perguntou Zac.
- Eu não sei o que fazer também, Taylor, mas pode ter certeza que não vou te pedir nada...
- Pedir nada sobre o que? Me expliquem, pessoal! - Insistia o mais novo, que continuava a ser friamente ignorado.
- Como assim não vai me pedir nada? Por que me contou então?
- Eu só queria te pedir permissão para me deixar tomar as providências necessárias... bom, você sabe.
- Providências sobre o que, hein gente?
- CALA A BOCA ZAC!
Taylor olhou à volta, preocupado com o efeito que seu grito poderia ter causado.
- Ok, vamos falar sobre isso depois né... - Disse ele, preocupado, pondo um fim à conversa, mas Zac o interrompeu.
- Ei... aquelas duas estão com vocês, meninas?
Caroline e Jéssica se viraram para olhar. Há alguns passos dali, Maggie e Amy observavam tudo atentamente, ambas filmando a discussão disfarçadamente com o celular.
- Merda... - Xingou Jéssica baixinho.
- Eu ligo pra você... - Disse Taylor em um murmúrio, puxando o irmão para longe dali. Isaac enfim terminava o discurso, e todos deveriam agir como se nada estivesse acontecendo.
- Bom, eu acho melhor a gente ir pro hotel. - Comentou Jéssica, olhando para a amiga. - Vamos saber o tamanho do estrago mais tarde.
- O que quer dizer? - Perguntou Caroline, a voz aguda.
- Argh... você não quer saber o que eu quis dizer. Acredite... - Disse ela sombriamente.

*****


- Por favor, me diz que está zoando com a minha cara.
- Gostaria de estar, Zac... mas infelizmente é verdade.
Os dois irmãos conversavam no ônibus da turnê, enquanto aguardavam o momento do show. Era a primeira vez no dia que conseguiam ficar sozinhos, e Taylor confidenciava ao mais novo tudo que acontecera até então.
- Tay, você é um idiota. O mais idiota entre todos os idiotas do mundo.
- Eu sei, obrigado! Mas por favor, me ajude!
- Nem sei o que dizer cara, a Nat vai matar você. E digo literalmente.
- O que? Ei, ela não vai saber disso, ao menos por enquanto ok? - Disse Taylor, suando frio. - Não comente isso com ninguém, Zac, por favor. Nem com o Ike, nem com a Kate... ninguém!
- Tá, deixa eu ver se eu entendi... - Zac torceu o rosto em uma falsa expressão de concentração. - Você... dormiu com outra... e EU tenho que guardar esse segredo da minha esposa? É isso mesmo?
- Uma vez que sua esposa é a melhor amiga da minha... sim, Zachary.
- Não me chame de Zachary!
- Por favor, prometa que não vai dizer nada... só disse para você porque preciso de sua ajuda... não sei o que vou fazer...
Taylor estava a beira das lágrimas.
- Fique calmo, não vou dizer nada. - Disse Zac rapidamente. - Afinal, é para isso que servem os irmãos, dividir segredos e esconder gestações secretas. Mas me diga, o que vai fazer?
- Não sei... ainda não consegui pensar com clareza...
- O que as duas mocinhas estão cochichando? - Perguntou Isaac em voz alta, adentrando o ônibus. Os outros dois olharam para ele, parando de falar imediatamente.
- Taylor estava me dizendo o que comprou de Natal para a Nat... - Mentiu Zac rapidamente, com a maior naturalidade do mundo. - Parece que a relação precisa dar uma apimentada.
- Ew, acho que não precisamos saber disso. - Falou Isaac rindo para o irmão. - Mas pensei que tivesse comprado uma câmera para ela, Tay.
Taylor olhou feio para o irmão mais novo, que se calou em um mudo pedido de desculpas. Isaac não parecia se preocupar muito com o assunto. Sentou ao lado dos irmãos, parecendo estar perfeitamente confortável.
- Vocês dois deram uma olhada no site por acaso? - Perguntou ele casualmente.
- Não. - Responderam os outros dois em uníssono.
- Bem, eu olhei... algumas coisas interessantes estão sendo faladas no fórum. Cara, muitos comentários a respeito do seu surto sobre bebês no meio do discurso. Não ajudou muito o fato de ter sido transmitido ao vivo, claro.
- O que foi que disseram? - Perguntou Taylor de imediato.
- Cada um tem sua teoria... você ficou louco... você estava cansado por causa da turnê... você encontrou sua amante na caminhada e por isso ficou muito nervoso.... - Enumerou Isaac, olhando para as próprias unhas, como se achasse que as informações fossem descartáveis. - Enfim, um monte de baboseiras... não é, Taylor? Apenas bobagens inventadas, certo? - Disse ele, olhando astutamente para o irmão. Os outros dois perceberam na hora que ele ensaiara aquela conversa para chegar ao assunto. Ambos ficaram calados, e o silêncio era a prova mais real da culpa que pairava entre Taylor e Zac.
- Eu sabia. - Grunhiu Isaac, abandonando o fingimento ao notar a expressão culpada dos irmãos. - O que vocês aprontaram?
- Como é que você soube? - Perguntou Taylor.
- Ei, EU não aprontei nada. - Contestou Zac.
- Eu não sou cego, ok? - Falou o mais velho. - Enquanto estava discursando vi vocês dois discutindo com aquelas meninas. E o que eu disse sobre o fórum é verdade, estão realmente comentando todas essas coisas. Eu sei somar dois mais dois, crianças.
Ainda assim, Taylor e Zac permaneceram mudos.
- Então? Será que podem me incluir no assunto?

******


No quarto do hotel, Caroline andava de um lado para o outro, inquieta. Jéssica, sentada sobre a única cama de casal, parecia ocupada demais com o notebook.
- Jess, meus pais não atendem! Eu preciso tanto falar com eles, quero explicar porque não voltamos... quero explicar a situação...
- Você acha que pode fazer isso por telefone? - Perguntou Jéssica distraidamente, sem tirar os olhos da tela.
- Preciso, não é? Não posso ir até lá.
- Hum...
- Droga... agora perdi o sinal. - Xingou a garota, jogando o aparelho sobre a cama. - Jéssica, me empreste o seu.
- Aham...
Caroline discava os números de todos seus parentes, desesperada, mas ninguém a atendia. Aquele não era o seu dia de sorte.
- Jess, pra quem eu ligo, o que eu faço? Me ajuda, o que tanto fica olhando nesse computador? - Perguntou ela, frustrada.
A amiga não respondeu. Entrementes, Caroline se ocupava em lembrar mais números que ainda não houvesse tentado.
- Argh... chega, vou deixar um recado na secretária explicando tudo. É o jeito.
O comentário pareceu despertar Jéssica de seus devaneios.
- Carol, espera. - Disse ela, se levantando da cama e indo até a amiga. - Você não pode fazer isso. Escute, seus pais já estão sofrendo o suficiente. Não diga nada sobre a gravidez até que saibamos o que vamos fazer.
- Mas eu preciso dizer alguma coisa! Até agora não expliquei porque resolvemos ficar mais tempo aqui.
- Invente qualquer desculpa, diga que você quer conhecer tudo.
- É, ou eu posso dizer que...
- Olha Carol, a gente pensa nisso mais tarde. Escuta, preciso te fazer uma pergunta.
- Ahn, ok, diga.
- Você acha que Maggie pode ser apelido de Margaret?
- Mas o que? - A amiga riu baixinho. - Provavelmente, oras. Mas não entendi, por que?
- Curiosidade. - Disse Jéssica, desviando os olhos e mordendo o lábio inferior, em óbvia aflição. Caroline não deixou de reparar.
- Jess, por que? O que houve?
Ela não respondeu.
- Jéssica... - Sibilou Caroline em tom de aviso.
- Ok, ok! Olha... veja o que encontrei. - Disse ela, levando a amiga até o notebook sobre a cama.
- O que é isso? - Caroline encarou a tela, sem entender.
- É um vídeo. Clique em play.
A garota obedeceu.Surpreendeu-se ao contemplar a própria imagem rodando no vídeo.
- Ei, é a gente... o que é isso? - Repetiu ela.
- Fique olhando. - Disse Jéssica.
A imagem estava desfocada e o som estava ruim, mas era possível notar com clareza que o vídeo fora filmado enquanto as duas conversavam com Taylor e Zac, mais cedo naquela tarde.
- Meu Deus... como assim... - Balbuciu Caroline.
- Esse vídeo... - Começou Jéssica, encarando a amiga. - Acabou de ser postado no fórum da hanson.net, e já tem mais de cinquenta visualizações. Quem abriu o tópico foi essa tal Margaret Hilton, que eu penso ser...
- Maggie. - Completou Caroline, arregalando os olhos.
- Exatamente. A nossa sorte é que não dá pra ouvir tão bem assim o que estamos dizendo, mas agora já começaram a maior discussão sobre o assunto.
- Ah, puxa, que sorte! - Disse Caroline, histericamente. - Eu estou ouvindo razoavelmente bem!
Ela se sentou na cama, encarando o vazio. Parecia estar em estado de choque.
- Estamos ferradas, não é? - Murmurou após um momento.

*****


- Vamos lá rapazes, contem o que aconteceu. - Insistia Isaac, olhando para os irmãos. Taylor e Zac se entreolhavam, sem saber se deveriam dizer alguma coisa.
- Bom... - Começou Zac.
- Não! - Disse Taylor.
Os outros dois olharam para ele. O loiro suspirou.
- Deixe que eu digo...
Zac se calou, assentindo. O irmão pigarreou antes de começar.
- Bom, Ike... sabe como as vezes nós... ahn... conhecemos outras garotas durante os shows e tudo o mais?
- Oi? - Falou Isaac, sem compreender.
- Você sabe... ficamos com elas e tal.
- Vocês fazem isso, é? Eu não faço isso, estou feliz com meu casamento, obrigado.
- Ei, eu também não faço. - Disse Zac para o mais velho.
- Tá, não importa agora. - Cortou Taylor, irritado. - Acontece que eu faço. E da última vez que fiz, ahn... deu um certo problema.
- Que problema?
- Eu... hum....
- Ele engravidou a garota. - Disse Zac.
- Zachary!
- O que? - Replicou o mais novo, com ar de inocência. - Você enrola muito para falar, Tay.
- Isso é sério? - Perguntou Isaac, cauteloso.
- Eu temo que sim. - Falou Taylor.
Isaac parecia calmo demais diante da situação. Era perceptível que ele se controlava para não surtar com o irmão.
- Então a história da amante na caminhada é verdade?
- Ela não é minha amante. - Reclamou Taylor. - E não sei como souberam disso.
- Ok... ok... - Murmurou Isaac pensativo.-
- Ike?
- Escutem... - Começou o mais velho, após alguns momentos de silêncio. - Estou decepcionado com você, Taylor. Não foi assim que nossos pais nos criaram. Você tem uma esposa linda e gentil, que te ama, não consegue pensar nela? Não consegue pensar nos seus filhos, que enxergam em você como o maior exemplo a ser seguido? Como acha que eles se sentiriam se descobrissem o que você está fazendo com a mãe deles?
Taylor baixou o rosto, envergonhado. Embora o irmão não estivesse gritando, o desapontamento nas palavras doía.
- E você, Zac? Sabia disso e não me disse nada?
- Ei, não me culpe, ele acabou de me contar também! - Protestou Zac novamente.
- Bom, você sabe que precisa resolver essa situação, não é Tay?
- Como, Isaac? Eu não sei o que devo fazer.
- Primeiro deve ser sincero com a Nat, descubra se ela ainda vai te aceitar depois dessa. E aí você conversa com a garota e veja o que ela vai fazer.
- Acho que se depender dela, vai abortar. E como, por favor, COMO você acha que vou contar uma coisa dessas para a Natalie? Vai ser uma conversa e tanto, não é? "Oi, amor, como foi seu dia? Ah, a propósito, vou ser pai pela sexta vez. Isso mesmo, sexta, porque você não é a única esperando um filho meu."
- Eu não sei como vai fazer, mas é sua obrigação. - Repreendeu o mais velho. - Você colhe o que planta.
- Argh Ike, está falando que nem o papai. - Disse Zac.
- Bom, Zachary, se você vai mesmo defendê-lo... tenho certeza que a Kate vai ficar bem feliz quando souber que está encobrindo a traição do marido da melhor amiga dela.
- O que eu preciso fazer para que parem de me chamar de ZACHARY?

*****


Após a conversa com os irmãos, Taylor havia se decidido. Sabia que deveria enfrentar a situação mais cedo ou mais tarde, e quanto mais cedo, melhor seria. Após o show, dirigia para casa lentamente, pensando em como poderia abordar o assunto com a esposa. Natalie, ao seu lado, parecia ingenuamente feliz, sem saber o que a esperava em alguns minutos.
- Férias agora, não é? - Perguntou ela contente, sorrindo para ele.
- Algumas semanas. - Murmurou Taylor. Sua gargante estava seca.
- Você está bem? Está agindo de modo estranho.
- Estou ótimo Nat. - Disse ele, olhando pelo retrovisor. Três pares de olhos castanhos o observavam cautelosamente. Taylor não queria dizer nada em frente aos filhos, que já pareciam pressentir que algo incomum estava acontecendo.
Chegaram à casa demasiadamente cedo, e ele ainda não havia decidido como poderia começar aquela conversa.
- Tay, coloque as crianças na cama? Preciso checar meu email, há dias não tenho tempo pra isso.
- Tudo bem... - Respondeu ele distraído, satisfeito em saber que ganhara mais alguns minutos.
A tarefa não tomou muito tempo. Seus filhos estavam sonolentos, após tantas horas em pé assistindo ao show. Apenas Penny mantinha os olhos bem abertos, e se recusava a ir se deitar.
- Preciso do meu ursinho... não estou achando. - Disse ela, voltando os olhos inocentes para o pai. Ele olhou à volta rapidamente.
- Não sei onde está querida, durma sem ele... só hoje.
- Por favor papai. - Pediu ela, sabendo que ele não resistiria a aquele apelo. Taylor riu, bagunçando de leve os cabelos da menina.
- Ok, espere aqui, vou procurar.
Ele refez o caminho pela casa, dando uma olhada rápida em cada cômodo.
- Nat, você viu o ursinho da Penny? - Gritou da cozinha, onde, por algum motivo, procurava dentro da geladeira. Não obteve resposta.
- Nat? - Repetiu, indo até a sala de estar. Sua esposa estava estática, em frente ao computador. Ele se aproximou por trás.
- Nat? - Disse, tocando os ombros da mulher. Imediatamente ela se levantou, e Taylor só teve tempo de reparar que seu rosto estava coberto de lágrimas, pois no mesmo segundo, um sonoro tapa em seu rosto o fez ver estrelas.
- O que...!? - Resmungou ele, se afastando assustado. Natalie era incrivelmente forte para uma mulher daquele tamanho. Seu rosto ardia como se estivesse em brasas, no lugar onde ela havia batido.
- Como teve coragem?? - Berrou ela, o grito ecoando em toda a casa. Ele a encarou perplexo.
- Cachorro, sem vergonha! - Ela se adiantou novamente, a mão erguida preparando um novo golpe. Ele se afastou antes que ela o acertasse, parecendo totalmente surpreso.
- Natalie, pare com isso! - Pediu Taylor aflito, ao notar que seus três filhos mais velhos, provavelmente atraídos pelos gritos da mãe, observavam ao longe, encolhidos.
- Você... é... um... safado... ordinário... - Gritava ela, pontuando cada palavra com um soco no marido, em qualquer lugar que conseguia acertar. Ele, impotente, não esboçava qualquer reação, além de olhar para as crianças em um mudo pedido de desculpas.
Subitamente, ela baixou os braços e caiu sobre o sofá, escondendo o rosto nas mãos e começando a chorar. Taylor não sabia o que devia fazer primeiro.
- Ezra, vá para o quarto com seus irmãos, logo converso com vocês. - Disse ele para o filho mais velho. O garoto obedeceu imediatamente, conduzindo os irmãos de volta ao quarto, todos olhando curiosos para a mãe chorando no sofá.
- Natalie... - Começou Taylor, se aproximando da esposa. Não teve a chance de falar muito coisa.
- Saia daqui! - Gritou ela entre lágrimas.
Ele se afastou. Tinha uma ideia do que poderia ter causado aquilo, mas não sabia como ela descobrira. Se aproximou lentamente do computador. Na tela, várias páginas abertas apontavam um mesmo assunto - sua traição.
- Natalie, o que você estava olhando...
- Quer saber o que eu estava olhando, quer? - Berrou ela de repente, se levantando e correndo até ele. Taylor se encolheu, temendo que ela fosse recomeçar com os tapas e socos, mas ela meramente se curvou diante do computador, apontando a tela.
- Olha o que eu recebi no meu twitter, querido. Links, vários links para o fórum. Interessante essa discussão aqui, não é? Parece que alguém tem certeza de que você dormiu com outra garota no show de Nashville. E olha este outro tópico aqui, eles tem um vídeo. UM VÍDEO, Taylor. Você e o Zac conversando com essas duas vadiazinhas aqui. Reconhece? Elas que você fica beijando enquanto eu cuido dos nossos filhos? É isso que eu sou para você? Uma babá?
Ele acompanhou emudecido o desabafo da mulher, tentando raciocinar rapidamente. Mas sua mente parecia ter travado.
- Nunca fui tão humilhada. Eu não preciso disso, entende? Ler esse tipo de coisa, as pessoas dizendo que sentem muito, que têm pena de mim. Pessoas que nem me conhecem dizendo que não me dou o devido valor. Que não significo nada para você. - Ela soluçava alto, olhando com ódio para o marido. - Eu não preciso disso. Não preciso de você, se é assim que vai me tratar. Sou sua esposa, não mereço que me use.
- Natalie, espere... você acredita em tudo que lê...
- É mentira, Taylor? Olhe para mim e diga que é mentira. Diga que nunca teve outra mulher, desde que nos casamos. Diga que passou a noite sozinho em Nashville. Que não conhece essas garotas do vídeo, vamos, diga. - Desafiou ela. Ele baixou o rosto, em silêncio.
- Foi o que eu imaginei. - Murmurou ela, limpando o rosto na blusa. - Pois pra mim chega, vou-me embora.
- O que? Nat, espere! - Disse Taylor alarmado, mas ela já disparara para o interior da casa. Em poucos minutos estava de volta na sala de estar, trazendo consigo quatro crianças totalmente confusas. Até o bebê em seu colo parecia estar atento à discussão.
- Nat, espere... pense no que está fazendo.
- Depois mando alguém para buscar minhas coisas. Não quero mais ver você. Adeus. - Finalizou ela dramaticamente, saindo porta afora.
Taylor ficou imóvel como uma estátua. Ouviu o carro dela se afastar, mas não teve forças para se mover. Parecia que seu corpo inteiro estava paralisado, sua mente... tudo.

*****


As semanas transcorriam lentamente. Para Taylor, sozinho naquela casa, parecia ter passado uma eternidade desde a briga com sua esposa, mas fôra apenas pouco mais de um mês. Há muitos dias não falava com ninguém, nem saía de casa. Como Natalie se recusava a atender seus telefonemas e ele não fazia ideia de onde ela poderia estar, decidiu isolar-se do mundo também. Logo ele mesmo parou de atender ao telefone, tampouco se preocupou em ligar para alguém. Sentia muita falta dos filhos, e esse vazio em sua vida tomava uma proporção cada vez maior, obrigando-o a ficar preso em sua própria culpa. Também sentia falta de Caroline, e não sabia onde ela poderia estar. Desejava ter o poder e a força de vontade para resolver todos aqueles problemas, mas no estado em que estava, sentia dificuldades até para levantar da cama.
Na véspera de Natal, alguém bateu à sua porta, pela primeira vez em semanas. Ele se arrastou para atender, com esperanças de que fosse Natalie, mas ao abrí-la deu de cara com Isaac.
- Taylor! - O irmão abraçou-o, aparentemente aliviado ao ver que ele estava vivo.
- Oi, Ike.
- Meu Deus, o que houve com você? Não atende o telefone, não checa seu email... eu queria ter vindo até aqui antes, mas Zac disse que você provavelmente queria um tempo sozinho... e que barba é essa? Parece que envelheceu dez anos!
- Obrigado, você também está lindo. - Disse Taylor em voz baixa, com o primeiro sorriso que dava em dias. Se afastou para o irmão entrar na casa, mas Isaac não chegara a dar três passos para dentro e parou, emudecido diante do que via. Parecia ter entrado em uma espécie de chiqueiro humano.
- Taylor, você está agindo como uma viúva. Que bagunça é essa aqui?
- Não estou com muito ânimo. - Respondeu ele, jogando algumas roupas no chão para abrir um espaço no sofá. Sentou-se, olhando para Isaac, que o acompanhou.
- Cara, você precisa superar isso.
- Não vou superar nada. - Grunhiu ele. O irmão o olhou, com pena.
Um estranho silêncio pairou entre os dois. Taylor o quebrou após alguns segundos.
- Você tem visto a Natalie? - Perguntou, mantendo a voz neutra.
- Bom... tenho... ela está na casa da mamãe.
- Que!? Eu liguei lá perguntando por ela, a mamãe disse que não sabia de nada!
- Ela fez todos prometerem que não diriam a você. Ela contou o que você fez, eles não ficaram muito felizes.
- Argh, ela me odeia agora né.
- Cara, ela está mal. - Confessou Isaac. - Até pior que você, se quer saber. Ela tem chorado muito, as crianças estão rebeldes... eles estão sentindo muito a sua falta, sempre perguntam por você e ela não sabe o que responder...
- Isso é horrível... - Murmurou Taylor, pensativo. - Ike... ela sabe... ela sabe sobre o outro bebê?
- Não Tay, claro que não! Ela já está surtando bastante porque descobriu sobre a traição. Não quero nem saber o que aconteceria se soubesse disso... eu e o Zac conversamos, prometemos que não contaríamos nada.
Taylor enterrou o rosto nas mãos.
- Eu nem sei onde está a Caroline. Preciso falar com ela, sei que sim, mas preciso falar com a Natalie antes... eu estou completamente perdido.
- Bom, foi para isso que eu vim aqui... a Nat tem desabafado um pouco mais conosco nos últimos dias. Sente sua falta, e está bem claro que ainda te ama. Ela está disposta a conversar com você, acho que poderá te perdoar.
- Ela vai falar comigo? - Taylor animou-se.
- Sim, mas ela disse que... bom, ah... melhor você vir comigo, ela mesma poderá te explicar. Estamos todos indo para a casa da mamãe agora, e você já fica para o Natal.
- Tudo bem. - Disse ele, pegando o casaco e acompanhando o irmão. Era uma sensação estranha... como se aquela traição o tornasse um estranho em sua própria família. Durante o caminho até a casa dos pais, não conseguia pensar em nada além disso. Afinal, talvez ele realmente fosse um estranho. Talvez não fosse merecedor do perdão de sua esposa. Mas quando estacionaram diante da casa e ele viu os filhos correndo para recebê-lo, sabia que sua redenção estava garantida naquelas crianças. Para eles, em toda sua inocência, Taylor ainda era um herói.
- Papai! - Berraram os três mais velhos em coro, abraçando o pai na altura das pernas. Ele retribuiu o abraço, emocionado.
- Senti tantas saudades de vocês... - Disse baixinho, sentindo um alívio enorme crescer em seu peito. O sentimento apenas se ampliou quando ele viu Natalie vindo em sua direção, o filho mais novo no colo. E ela não parecia estar zangada. Estava sorrindo.

*****


Sentado na cama, Taylor encarava a esposa, procurando as palavras para começar. Ambos estavam constrangidos. Ela observava a decoração do quarto com um falso interesse, seu olhar se demorando nos pequenos quadros dispostos pela parede.
- Esse era nosso quarto quando eu morava aqui. - Disse Taylor, em uma tentativa de começar uma conversa.
- Eu sei, já me contou isso quinze vezes. - Ela sorriu.
- Nat, é tão bom te ver... - Murmurou ele, desajeitado. Você está tão... grávida. - Ele riu, encarando o pequeno volume que já começava a aparecer na barriga da esposa.
- É... é bom ver você também... não estava com forças o suficiente para te encontrar antes, mas acho que agora podemos conversar. - Disse ela. Ele a encarou, sério. Haviam chegado no assunto.
- Não posso fingir que não continuo magoada Taylor... mas eu te amo, e não quero te perder. Acho que devemos tentar superar isso, pelas crianças. Pelo nosso filho que ainda nem nasceu. Você ainda me ama?
- Sim. - Disse ele. Algo se agitou desagradavelmente em seu estômago.
- Mas para que a gente possa tentar de novo, preciso ter certeza de que isso não vai mais acontecer...
- Não vai Nat, eu prometo que nunca mais...
- Desculpe, isso não é o suficiente. - Disse ela em voz baixa. - Você precisa entender como eu estou... com raiva.... ódio... dessa garota.
- Sim, eu sei... - Ele disse em tom de desculpas.
- Qual o nome dela?
- Natalie, não vamos falar sobre a...
- Qual é?
Taylor suspirou, resignado.
- O nome dela é Caroline.
- Eu quero falar com ela.
- O que??
- Quero falar com ela, é a minha condição para voltarmos a viver juntos. Quero alertá-la a nunca mais se aproximar de nós.
- Natalie, que desnecessário...
Ela não esperou para ouvir mais. Se aproximou do marido, enfiando a mão no bolso do casaco dele e puxando o celular.
- Nat, não faça isso! - Protestou Taylor, enquanto ela corria rapidamente os olhos pela agenda dele.
- Tarde demais...- Disse Natalie, levando o celular à orelha.

*****


Caroline estava deitada, as mãos cobrindo os olhos. Estava em silêncio, mas Jéssica sabia que a amiga estava acordada.
- Carol... precisamos decidir. Dar o próximo passo.
- Que quer dizer? - Perguntou a garota, sem se mover.
- Não podemos ficar aqui em Tulsa para sempre, não é?
Caroline se apoiou nos cotovelos, virando o rosto para a amiga. A luz que vinha da janela machucou seus olhos - estava desacostumada, há dias não saía do quarto do hotel.
- Não consigo falar com ele, Jéssica... já tentamos de tudo.... telefones, rodar a cidade... não há muito onde procurar se eles estão de férias.
Jéssica assentiu, olhando pela janela. As ruas estavam lindas como nunca, luzes e enfeites natalinos saudando os turistas. Tudo coberto com uma camada fina de neve, que caía sem parar há várias horas.
- É véspera de Natal, Carol... - Murmurou ela, sorrindo de leve para a amiga.
- É mesmo? - Perguntou a garota, sinceramente animada, sentando-se sobre a cama. - Devíamos comemorar. - Jéssica riu.
- Ah, devíamos ter saído para umas compras essa semana. O que você quer de Natal?
- Não posso ter o que eu quero. - Disse Caroline de modo brando.
Jéssica abriu a boca para responder, mas um celular tocando a interrompeu. Caroline vasculhou a bolsa rapidamente, boquiabrindo-se ao ver o número no visor.
- Jess, é ele...
- Hein!?
- É o Taylor... - Sussurrou ela, encarando o celular.
- Atenda, então!
Foi o que ela fez, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, uma voz feminina falou.
- Alô?
Caroline não respondeu. Olhou assustada para Jéssica, que não compreendia a expressão da amiga.
- Alô? Caroline? - Repetiu a voz.
A garota tapou o bocal do telefone com as mãos, virando-se urgentemente para a outra.
- Jess... eu acho que é a Natalie! - Cochichou ela rapidamente, com um tremor.
- Meu Deus... essa coisa tem viva voz? Coloque no viva voz!
- Caraca, eu não posso...
- Vai logo, deixou ela falando sozinha!
A garota obedeceu. Apertou o botão do viva voz e largou o telefone sobre a cama. De qualquer forma, provavelmente suas mãos estavam tremendo demais agora para continuar segurando-o com firmeza.
- Sim...? - Disse ela em um fio de voz. Jéssica observava atentamente.
- Aqui quem fala é Natalie. Suponho que você esteja familiarizada com o meu nome.
- Sim... - Repetiu Caroline, automaticamente.
- Bem, eu não sei como as coisas funcionam em seu país. Mas aqui, quando uma mulher se atira para um homem casado, consideramos esta uma vadia. Entende o que eu quero dizer?
- Eu não... eu não queria... não... - Balbuciou Caroline. Jéssica se aproximou sorrateiramente.
- Gostaria que ficasse bem claro que só porque o meu marido resolveu brincar com você um dia, não significa que você tem o direito de ficar correndo atrás dele. Você não signfica absolutamente nada para o Taylor, então se quer um conselho, de mulher para mulher, não se aproxime mais dele, nunca mais, ou as coisas podem ficar ruins para você.
- Eu sei.... eu não...- Gaguejou a garota em resposta.
- Se quer um conselho, de mulher para mulher - Disse Jéssica, pegando o celular sobre a cama. - fique de olho no seu marido e trate de fazer as vontades dele, para que ele não procure consolo em outras pessoas. - Berrou, desligando o celular em seguida. Caroline arregalou os olhos para ela.
- Jéssica... o que você...
- Argh, francamente Carol, você não precisa ouvir isso. Não sei porque não desligou o telefone logo.
- Não poderia... meu Deus, ela está certa... olha o que eu fiz com a família deles... estou estragando o casamento...
- Por favor, pare de se culpar. Se quer saber, aposto que ela não está brava com o Taylor, apenas com você. Típico. E ele mesmo te disse que já a traiu várias vezes. Se alguém estragou o casamento deles, acredite, foram eles mesmos.
Caroline parecia em estado de choque. Mas levantou os olhos para a amiga, com um mínimo sorriso estampado no rosto.
- Obrigada... acho que eu não conseguiria fazer isso que você fez... ela me intimidou...
- É pra isso que eu estou aqui. - Disse Jéssica, sorridente.
Poucos minutos depois, o telefone tocou novamente. As duas olharam para o visor.
- É ela de novo. Não atenda, Carol. Ei! - Mas a amiga já estendera a mão automaticamente para o celular.
- Alô? - Disse Caroline, com a voz trêmula.
- Caroline, sou eu.
Ela respirou aliviada, relaxando.
- É o Taylor. - Sussurrou para a amiga. Em seguida, voltou ao telefone. - Diga.
- Me desculpe, eu sinto tanto. Tentei impedir que ela te ligasse, não consegui. Sinto muito por você ter ouvido aquelas coisas, eu não queria...
- Tudo bem. - Cortou a garota, a sensação de alívio a deixando rapidamente, ao se lembrar de que estava magoada com ele também.
- Me desculpe, de verdade. A Natalie saiu agora, estressadíssima, por isso estou te ligando...
- Senão você nem se daria ao trabalho não é?
Um silêncio constangedor se formou. Quebrado por Jéssica, que saltitava de excitação.
- O viva voz Carol, o viva voz! - A amiga a ignorou.
- Eu sei... provavelmente você está zangada comigo... deve estar se perguntando porque não atendi suas ligações... - Disse Taylor.
- Sim, estou.
- Bem, me desculpe por isso também... as coisas estão muito complicadas por aqui... a última vez que nós conversamos... aquele dia foi um caos, nossa conversa foi filmada... mandaram para a Natalie, ela saiu de casa com meus filhos... os fãs estão enlouquecendo, e ainda não fizemos nenhuma declaração à mídia...
- Eu sabia sobre os fãs, mas não tinha ideia de que as coisas haviam chegado a esse ponto pra você. - Falou Caroline, séria. - Mas isso não justifica...
- Eu sei, sinto muito... podemos conversar sobre o bebê agora, eu gostaria de...
- Taylor, tudo bem. Eu já sei o que vou fazer, não precisa se incomodar mais com isso.
A voz do outro lado do telefone hesitou.
- Sabe? Como assim? - Perguntou ele após alguns segundos de silêncio.
- Não quero ser a pessoa a dilacerar sua família, ok? Eu não vou poder estar aqui para o meu filho, para protegê-lo e dizer para ele que tudo vai ficar bem quando ele descobrir que não passa de um acidente na vida do pai dele. Não quero que ele cresça triste e amargurado, porque jamais teve uma família de verdade. Não vou ser a responsável por trazer tanta infelicidade a uma criança, e acho que você também não gostaria de ser.
- Caroline, não precisa ser assim...
- Você tem outra solução? Pelo que notei quando sua mulher me ligou, ela não sabe nada sobre minha gravidez, ou com certeza teria mencionado. Você não prefere que continue assim? Pense em como ela vai ficar se descobrir que você vai ter um filho com outra mulher.
- Pare de bancar a altruísta. - Murmurou Taylor, a voz ansiosa. - Não seria certo fazer isso...
- É o mais viável.
- É o meu filho, Caroline...
- Ele iria destruir sua vida. E você, a dele.
Mais uma vez, ambos ficaram em silêncio. Seria menos angustiante se estivessem gritando.
- Taylor... vou fazer isso pelo bebê... especialmente por ele.
- Eu sei. - Respondeu ele, vencido. - Sinto muito... gostaria que a situação fosse diferente, e não precisasse ser assim.
- Eu também...
- Me desculpe por ter feito isso com você... eu não queria ter te trazido mais sofrimento.
- A culpa não foi sua. - Disse Caroline, sufocando um soluço. Jéssica, percebendo o teor da conversa, sentou ao lado da garota, passando a mão por trás de seus ombros.
- É... bom, só sei que não me arrependo de nada. E se algum dia eu disse que você jamais significaria nada para mim, esqueça. De tudo que já aconteceu conosco durante as turnês, durante todos esses anos com a banda... você será a melhor lembrança.
Caroline desviou o rosto rapidamente do celular ao ouvir aquilo, para que ele não percebesse o efeito que aquele comentário causara. Fazia um esforço enorme para não chorar mais uma vez enquanto falava com ele. Taylor, por sua vez, não sabia porque havia dito aquelas palavras, mas pressentia que talvez essa fosse a última vez que conversariam, e ela precisava saber.
- Você também. - Disse ela baixinho, passado alguns segundos. - Minha melhor lembrança, da minha vida inteira se quer saber.
- Carol...
- Adeus, Taylor.
Ela desligou o celular depressa, sabendo que não aguentaria mais um segundo daquela conversa. Voltou os olhos cheios de lágrimas para Jéssica, que a amparava.
- Adeus...? - Perguntou a amiga.
- É... acho que esse é definitivo... - Falou Caroline, enxugando o rosto no braço.
- Vai ficar tudo bem, Carol. Você vai mesmo... fazer o... tirar... - Jéssica encarava a barriga da garota, sem conseguir terminar a frase.
- Vou... ele concordou, está tudo certo. - Respondeu ela. Decidida, pegou o celular, discando um novo número.
- Para quem vai ligar agora?
- Para os meus pais... - Ela sorriu, aparentando uma força maior do que sentia. - Vamos para casa.

" You're just another voice in the chorus; bet you knew it all along... "

5 comentários:

  1. não acredito que ela quer abortar, que triste =(
    poxaa, espero que a carol e o taylor arranjem uma saída melhor pra essa enrascada!
    como sempre, continuo adorando a fic, cada vez mais!

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  2. "É... bom, só sei que não me arrependo de nada. E se algum dia eu disse que você jamais significaria nada para mim, esqueça. De tudo que já aconteceu conosco durante as turnês, durante todos esses anos com a banda... você será a melhor lembrança. " quase chorei com isso!
    escreveee muito, mesmo!

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  3. Olá... to adorando cada vez mais a ffic... coloca logo o próximo cap? :)
    Aiii tb queria que o tay e a carol achassem uma saída melhor pra essa enrascada.
    ansiosa pelo proximo cap.
    vc escreve muito bem.. please don't stop writing.

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  4. obrigada mesmo meninas <3 logo logo posto o próximo.

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  5. por favor autoraaaaaa!!!!!!!!!!!
    estou tão ansiosa para ler o resto!
    parabéns, vc escreve muito bem, é umaa deliciaaaa de ler!
    beijos

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