"I give you my word; the word of a fool in love."
- Por favor, diga onde estamos indo.
- Calma. Você já vai descobrir. - Disse Taylor, sorridente.
Ele estacionou diante de um prédio alto, de aparência clássica, cujo saguão parecia estar lotado de pessoas importantes. Ao entrarem, Caroline se sentiu mais baixa do que de costume; todas as mulheres à sua volta usavam saltos.
- Que lugar chique. - Comentou em voz baixa. - Por que estamos aqui?
- Você se lembra da última terça feira?
- Hum... - Fez Caroline.
Eu dormia nesse quarto, antes da mamãe transformá-lo nisso. Eu, Ike e Zac. - Dizia Taylor, mostrando os móveis em um gesto vago. Estavam razoavelmente bem conservados, o que indicava que haviam sido trocados com o passar dos anos, a antiga mobília substituída por amontoados de elementos que não combinavam com nenhum outro cômodo da casa. Mas nem o empenho de Diana em limpar a parede, tampouco as determinadas tentativas de Walker em repintá-la foram o suficiente para esconder os danos. Buracos, riscos e furos deixavam claro que três garotos haviam vivido naquele quarto há anos.
- Três filhos quase da mesma idade, seus pais devem ter tido um trabalhão...
- É, um pouco.- Taylor riu, nostálgico. - Mas eles eram rígidos, nos mantinham na linha.
Caroline observava algumas fotos antigas na parede, distraída, e não o percebeu se aproximando por trás. As mãos fortes repentinamente enlaçadas ao redor de sua cintura a assustaram.
- Sabe o que eu andei pensando? - A voz dele no pé de seu ouvido a causou arrepios.
- O que? - Perguntou, trêmula.
- Não ficamos juntos desde aquele dia no hotel. Você sabe do que estou falando. - Completou, embora ela não tivesse perguntado.
- Acho que não tivemos oportunidades. - Disse ela baixinho, tentando se desvencilhar, imaginando que não era a melhor hora para aquela discussão, uma vez que não estavam sozinhos na casa.
- Estamos tendo uma oportunidade agora. - Ele a beijou no pescoço, ignorando o bom senso.
- Taylor, por favor... - Pediu, ainda tentando se soltar dele, embora não estivesse se empenhando muito. Por fim, cedeu. Virou-se para ele, que de alguma forma, já havia se livrado da camiseta. Parecia que estava mesmo precisando daquilo.
- Só tente não fazer muito barulho. - Sussurrou Taylor. - Sei que vai ser meio difícil, mas acho que você consegue se segurar.
- Ah claro, você detona. - Ela tentou tirar sarro, mas estava muito nervosa, pois ele agora desabotoava sua camisa, sem lhe dar a chance de protestar. Vendo-se semi-nua em uma fração de segundo, grudou o corpo no dele, empurrando-o em direção à uma das camas remanescentes no quarto, mas seus gestos foram interrompidos por um rangido na porta que se abria.
- Tay, mamãe está te chamando, a Natalie está aqui para trazer...o... o... ah.
"Isso não pode estar acontecendo." Pensou Caroline, mas via o olhar chocado de Taylor olhando para a entrada do quarto. Lentamente, virou o rosto. Zöe, a irmã mais nova, estava ali parada, com uma expressão assustada semelhante à dele.
Ela nunca chegou a terminar a frase. Com o rosto corando, se afastou correndo, fechando novamente a porta com uma batida.
- É. - Disse ela, forçando um sorriso.- Acho que me lembro com clareza.
- Não. - Taylor riu baixo.- Não isso que está pensando. A outra coisa.
Eles agora estavam em um elevador espaçoso e iluminado, de mãos dadas. Caroline se lembrou repentinamente da última vez em que estiveram juntos em um elevador como aquele, e em que aquilo resultara. Pensou que se pudesse voltar no tempo para aquela noite... teria feito tudo exatamente da mesma maneira.
- Você quer dizer... a conversa que tivemos?
- Isso mesmo.
Quando Taylor voltou ao quarto, Caroline estava sentada na cama e novamente vestida, mas escondia o rosto nas mãos.
- Natalie veio apenas deixar o Ezra, preciso levá-lo na natação mais tarde. Ela nem falou comigo. Você está bem? - Perguntou ele, se juntando à garota.
- Não. - Respondeu ela, descobrindo o rosto. Estava vermelho. - Por que isso aconteceu? Meu Deus, que vergonha... não sei onde me enfiar...
- Ei, calma. - Falou ele, achando a reação um tanto quanto exagerada. - Está tudo bem, não é tão ruim.
- Não é tão ruim? - Ela o segurou pelo colarinho. - Taylor, eu estava praticamente sem roupa!
- Olha... a Zöe vive com nossas duas e irmãs e... bom, o Mackenzie. Pode ter certeza que ela já viu coisas piores, ou no mínimo, muito mais constrangedoras. - Suas palavras pareceram não causar efeito algum.
- Como você pode estar tão tranquilo? Que vergonha... que vergonha... ai, e ela vai contar para a sua mãe...
- Caroline, por favor, não sou criança, e espero que minha mãe saiba disso. E se puder me soltar seria legal, você meio que está me enforcando...
Ela baixou os braços, mas olhou desolada para ele. Taylor, determinado a acalmá-la, sorriu com naturalidade, gentilmente afastando uma mecha de cabelos castanhos de sua bochecha e a colocando atrás da orelha.
- Estou falando a verdade, isso não foi nada demais... por que está tão chateada?
- Sabe o que é? Quando estou com você perco a noção do que devo ou não fazer... toda vez. Você é lindo e simpático e sempre se safa, mas eu sempre me dou mal... sua família me odeia, e parece que eu continuo fazendo tudo errado...só para piorar.
Ele a interrompeu com uma risada.
- Sou lindo e simpático? Obrigado, mas quase nada do que você disse é verdade. Minha família não te odeia, e eu também sempre me ferro.
- Qual é Taylor, até o meu pai já gosta de você.
- Me suporta, eu diria.
Ela revirou os olhos.
- É sério... eu me sinto um incômodo aqui, acho que devo procurar um hotel.
- Não vou deixar você ficar em um hotel se aqui há espaço para todo mundo. - Disse ele indignado, como se a ideia fosse inconcebível.
- Por favor... seria melhor para todos...
- Olha, vamos fazer o seguinte... você aguenta mais alguns dias aqui, só poucos dias... estou planejando umas coisas, e se tudo der certo, saímos daqui antes do fim de semana.
- Mas Tay...
- Por mim, Carol... vou tentar fazer sua vida aqui mais fácil, você nem precisa sair muito do quarto se não quiser... apenas fique.
Ela gostaria de recusar, mas ele sabia exatamente como convencê-la. Voltou a beijá-la no pescoço, sabendo que isso a impediria de pensar sobre o assunto.
- Sim, me lembro do que conversamos. - Disse ela, acompanhando-o por um longo corredor acarpetado. - É por isso que estamos aqui? Um hotel? - A garota não escondia sua animação, que aumentava a cada passo.
- Não. - Disse ele com simplicidade, parando diante de uma das portas e puxando um molho de chaves de bolso.
- Nós estamos...- Ele começou fazendo suspense, enquanto destrancava a porta.- TA-DAM! Em nossa primeira casa!
O queixo dela caiu. Estavam diante de uma sala enorme, ainda cheirando à tinta fresca. Acompanhou-o para dentro emudecida, enquanto ele apresentava as características do apartamento.
- Três quartos, uma suíte, mais um banheiro, a cozinha, a varanda, isso sem contar aquela escada, está vendo a escada? Leva para um sotão anexo, divertido para crianças. Eu pedi para deixarem a sala branca porque é uma cor neutra, mas podemos colocar um alaranjado naquela parede ali... sabe, acho que dá um ar mais aconchegante, bem família mesmo. Naquela outra podemos deixar um armário cheio de jogos, quando as crianças vierem para cá podemos passar a noite jogando com elas.
- Taylor! - Exclamou ela, sem encontrar palavras.
- Eu sei que ainda não havíamos conversado sobre isso... mas olha, Tulsa não é tão ruim assim como você pensa... acho que podemos ficar aqui algum tempo, mesmo que depois você queira se mudar... claro que quando esse dia chegar preciso falar com Ike e Zac, por causa da banda, o que complica um pouco as coisas, mas acho que, por enquanto, posso te convencer a ficar com este apartamento, se me der a chance...
- Taylor, respire. - Caroline pediu rindo, admirada. Ela correu os olhos do rosto afobado dele para o apartamento semi-mobiliado. - Você precisa se acalmar... e me explicar isso direito... uau...
- Acho que me empolguei. - Ele sorriu. - Mas veja bem se você não gosta... não está com muitos móveis porque achei que devíamos escolher alguns juntos...mas acho que posso te mostrar. Venha, vamos fazer um tour. - Ele a puxou pela mão em direção aos quartos.
- Esse seria o nosso. - Disse, indicando o maior deles. Continuou a conduzí-la pelo corredor, sem se preocupar com a expressão de assombro da garota. Pararam diante de um quarto completamente vazio, exceto por dois beliches.
- Ah, este no caso seria o das crianças... as minhas, você sabe, eles deverão passar alguns dias da semana comigo, e achei melhor usarmos dois beliches ao invés de quatro camas divididas em dois quartos... sabe, gostaria que eles crescessem bem unidos... Evidentemente, suponho que em alguns anos eu precise deixar Penny em um quarto separado, mas acho que não precisamos nos preocupar com isso no momento... - Tagarelou ele. Caroline processava as informações lentamente, imaginando o que os filhos de Taylor pensariam sobre conviver com ela.
- Venha, ainda não mostrei o último quarto. - Disse ele, entusiasmado, despertando-a de seus pensamentos. Caroline o seguiu até uma porta fechada no fim do corredor, mas antes que ele pudesse revelar o interior do cômodo, ela o segurou pelos braços.
- Tay, espere...
- Sim? - Ele a encarou, curioso.
- Olha... - Começou, sem jeito. - Eu aprecio tudo que você está fazendo por mim... por nós. Mas tenha calma. Precisamos parar um momento e pensar direito sobre isso...
- O que há para pensar? Você não gostou do lugar? - Ele se desanimou.
- Claro que gostei... é lindo... e admiro seu empenho... e gostaria muito de tornar tudo isso possível. Mas Taylor, não vou fingir que está tudo bem... acho uma péssima ideia você ter todo o nosso futuro planejado como se tivesse certeza de que há realmente um futuro.
- Caroline... - Murmurou Taylor, espantado.
- Me desculpe. - Ela baixou o rosto. - Mas eu estou tentando manter os pés no chão. Tudo que você disse é maravilhoso, eu adoraria escolher móveis com você e passar longos anos aqui, com jogos de tabuleiro nos finais de semana e nenhuma preocupação. Mas você sabe que as coisas não são desse jeito, nada disso é possível para mim... pare de fantasiar Tay, a vida não é um conto de fadas.
Ela achou que talvez tivesse ido longe demais com aquelas palavras. Levantou o olhar, somente para descobrir o rosto chocado de Taylor a encarando. Viu a raiva perpassar os olhos azuis por um segundo, mas foi quase imediatamente substituída por uma outra emoção.
- Sabe... eu não sei porque faz tanta questão de ser pessimista o tempo todo. Um pouco de esperança nunca machucou ninguém. Não posso dizer o mesmo de você... - Disse ele baixinho, voltando lentamente por onde viera e a deixando sozinha. A decepção na voz dele a angustiou, fazendo com que se arrependesse do que havia dito, mas ele já se afastara. Caroline sentiu raiva de si mesma, e viu-se desejando que Taylor tivesse gritado com ela. Seus olhos começaram a transbordar, pois ela refletia sobre como as palavras dele haviam sido verdadeiras. Caroline não fazia nada senão magoá-lo; ela o amava, mas nunca conseguia demonstrar isso de um modo que não o chateasse. Entrou no quarto à sua frente, pensando em se trancar ali por alguns minutos para que ele não a ouvisse chorando, mas o que viu ali foi o suficiente para estancar suas lágrimas.
Era o cômodo mais mobiliado do apartamento, embora aqui e ali ainda houvessem espaços desocupados no chão de madeira clara. Cortinas pesadas impediam a luz de entrar, mas ela podia perceber que as paredes haviam sido pintadas em um tom amarelado. Uma cômoda branca exibia uma pequena coleção de ursinhos de pelúcia e brinquedinhos infantis. Mas o que mais chamou sua atenção foi o berço. Branco, como a maioria dos móveis ali, estava enfeitado com laços e fitas, e parecia pronto para ser usado. Ela se aproximou devagar para observar seu interior. Ali, um bebê de olhos claros a encarava. Caroline viu no rosto dele traços muito familiares; era a cópia perfeita de Taylor. Viu ele esticar os bracinhos frágeis para o alto, esperando que ela o segurasse. Piscou, aturdida, e o bebê desapareceu. Era apenas ela, envolta pela penumbra do quarto. Dessa vez, não pôde evitar que a tristeza tomasse conta; se apoiou na grade do berço vazio, baixando a cabeça e deixando as lágrimas mancharem o tecido novo.
- Por que eu sempre faço você chorar? - Disse a voz às suas costas. Ela se virou assustada, limpando o rosto na blusa. Taylor estava em pé diante da porta, sua silhueta recortada contra a luminosidade do resto da casa. Ele havia voltado. Não importava que Caroline sempre estragasse tudo com seus comentários; ele sempre voltaria.
- Não estava chorando. - Soluçou ela, embora seu rosto vermelho indicasse claramente o contrário. Ele se aproximou, obviamente amargurado ao vê-la daquela maneira.
- Não? Devem ser os hormônios então. - Tentou brincar. Até que funcionou. Ela deu uma risada nervosa, se adiantando para abraçá-lo. Escondeu o rosto peito dele apenas por um segundo.
- Me desculpe, eu nunca devia ter falado aquilo. - Disse, erguendo os olhos para Taylor, sem soltá-lo. - Foi ridículo, estou tão arrependida... esse lugar é perfeito, muito obrigada por encontrá-lo... quero muito morar aqui.
Ele correu os olhos pelo quarto, suspirando pesadamente. Deu um sorrisinho, ainda tentando deixar o clima mais leve.
- Mulheres... nos deixam miseráveis, mas amolecem diante de um simples berço. O que os bebês não fazem, hein...
- É, eu sei. - Caroline não quis contar a ele sobre seu delírio com o bebê de olhos azuis.
- Carol, me desculpe também. Eu sei que você está sob muita pressão... olha, acho que seria uma boa ideia vermos um médico aqui. Sei que confia no seu médico brasileiro, mas... você sabe, talvez tenhamos um outro ponto de vista.
- Por mim tudo bem... - Murmurou ela, querendo agradá-lo.
- Melhor irmos embora... temos muita coisa para resolver agora.
*****
Os dias que se passaram foram extremamente ocupados tanto para Taylor quando para Caroline. Ele ficava a maior parte do tempo preso em cartórios e reuniões com advogados, tentando concretizar o seu divórcio o mais rápido possível. Suas horas livres eram gastas principalmente em estúdio, onde, junto de Isaac e Zac, planejava algumas músicas e eventos para os próximos meses. Já Caroline estava tentando passar o menor tempo que pudesse na casa de Walker e Diana, por isso ficava horas na rua escolhendo móveis novos e apetrechos para o bebê, cujo sexo ainda era desconhecido. Quando finalmente puderam mudar para o apartamento, telefonou para Jéssica, a pedido de Taylor, que estava se sentindo culpado em deixá-la tanto tempo sozinha.
- Não se preocupe Carol, posso começar a faculdade no semestre que vem. Agora vou estar aí para o que você precisar.
- Não vejo a hora de você chegar, não tenho ninguém para conversar. Por favor, chegue logo! - Implorou no telefone.
Na manhã seguinte, o avião de Jéssica aterrissou em Tulsa. Caroline ficou em casa esperando, pois Taylor ficara de buscá-la no aeroporto. Quando a campainha tocou, portanto, surpreendeu-se ao ver que a amiga estava acompanhada por Isaac.
- Que saudades de você, piranha louca! - Berrou Jéssica, pulando para abraçá-la. - E de você. - Completou, olhando para a barriga da garota, que já expunha os primeiros meses de gravidez.
- Eu também estava! - Ela retribuiu o cumprimento animada, olhando em seguida para Isaac. - Ike, que bom ver você... quer dizer, eu não esperava... onde está o Taylor?
- Ele precisou ir para uma reunião urgente... pediu para eu buscar a Jéssica. Disse que mais tarde liga para você.
- Nossa, espero que não tenha te atrapalhado...
- Ai Carol. - Jéssica revirou os olhos. - Lá vai você, falando como se eu fosse uma criancinha arteira...
- De jeito nenhum. - Disse Isaac, rindo. - Bom, eu preciso ir para o estúdio... nos vemos uma outra hora, até mais Caroline. Até, Jess.
Caroline fechou a porta, se virando imediatamente para a amiga.
- "Até, Jess"? - Arqueou a sobrancelha, segurando uma risada.
- Fofo ele né? Desisto do Zac... Ike agora é o meu preferido. - Riu-se Jéssica, puxando as malas pela sala semi-mobiliada. - Uau! Que lugar maneiro, nem parece que foi o Taylor que escolheu...
- É né? - Caroline a acompanhou, feliz demais com sua companhia para se irritar com as implicâncias.
- Estou falando sério, Carol... ele se superou. - Disse a menina, olhando a vista pela janela. - E vindo do Taylor, esperava que a parede da sala fosse xadrez... mas... uau.
Passaram a tarde juntas no apartamento, relembrando os dias passados e planejando os futuros. Caroline contou à Jéssica que Taylor não voltara a mencionar o casamento, mas provavelmente daria notícias em breve. Jéssica sugeriu, parcialmente brincando, que ela o traísse com Isaac.
- Sério cara, ele é super gracinha... - Dizia, não poupando elogios sobre o mais velho irmão Hanson. - Se ofereceu pra segurar minhas malas, depois no carro ele estava com um copo de café... e parou em um lugar só para comprar um pra mim também, coisa de cavalheiro...
- Pensei que você gostasse dos malandros. - Caroline estreitou os olhos, sorrindo.
- Ah, sabe, cansei desses moleques que não sabem tratar uma garota direito... Acho que vou me focar em homens mais velhos agora, são mais maduros, sabem o que querem da vida...
Caroline teve um acesso de tosse, que soou estranhamente como "quedinha pelo Ike". Talvez Jéssica tivesse percebido, porque abriu a boca para protestar, mas naquele momento o telefone tocou.
- Carol?
- Taylor? - Parecia a voz dele, embora houvesse muita interferência na ligação.
- Sou eu. A Jéssica já chegou?
- Chegou hoje cedo. Onde você está?
- Aqui no estúdio. Escute, vocês podem vir pra cá? Tenho uma boa notícia, mas prefiro contá-la pessoalmente. Pode ser? Além do mais, não posso sair ainda, Isaac fez o favor de esquecer todas as notas da música nova, não sei onde estava com a cabeça. Isso nos atrasou, vou ficar mais umas boas horas aqui.
- Certo. - Disse Caroline, quando Taylor deu uma brecha para ela responder. - Vou chamar um taxi, logo chego...
- Meu carro está aí, pode vir com ele. Peça para a Jéssica dirigir.
- Não tenho certeza se essa é uma boa ideia... - Comentou Caroline, observando a expressão angelical da amiga. Uma expressão que não condizia com a realidade.
- Carol, não estou escutando... a ligação está horrível. Te espero aqui.
Ele desligou, deixando-a desnorteada por um momento. Em seguida ela se levantou, cheia de preguiça.
- Bom, ele pediu para irmos até o estúdio... disse para pegarmos o carro dele.
- Eu dirijo! - Berrou Jéssica, correndo para procurar a chave.
*****
Chegaram ao estúdio no início da noite. O movimento lá dentro era intenso, embora estivesse quase completamente deserto. Assim que entraram, Caroline e Jéssica puderam ver os três irmãos através de um enorme vidro; pareciam estar extremamente ocupados. Taylor usava fones de ouvido e apenas acenou para elas. Isaac e Zac, de costas, nem sequer as viram.
- Ok, vamos tirar uns quinze minutos. - Disse Taylor após alguns instantes, abrindo a porta que os separava das garotas. - Oi Carol. Jéssica, que bom te ver.
- Oi Tay. Qual era a notícia? - Perguntou Caroline ansiosa, passando as chaves do carro para ele. Taylor ia responder, mas Isaac se aproximou, batendo nos ombros dele.
- Tay, Zac pediu para eu comprar umas bebidas... acho que isso aqui não vai terminar tão cedo. Você vem pra me ajudar a trazer?
- Nossa, de quantas bebidas vocês precisam? - Jéssica se admirou.
- É, algumas... - Disse Taylor rindo. - Na verdade, quando Zac diz "bebidas" ele também quer dizer salgadinhos de queijo, salgadinhos de bacon, salgadinhos de calabresa...
- Salgadinhos de pizza... - Disse Isaac.
- Salgadinhos de salgadinhos...
- Enfim, qualquer coisa que seja crocante o suficiente e esfarele com facilidade.
- Ah, e também chocolates.
- Sorte que vocês são altos... - Falou Jéssica, imaginando que qualquer pessoa normal explodiria se comesse tanto assim.
- Quer vir com a gente, Carol? - Taylor colocava o casaco, seguido por Isaac.
- Acho que vou esperar aqui mesmo... vir até aqui com a Jess dirigindo me deixou meio tonta...
- Eu quero ir com vocês! - Exclamou Jéssica, correndo até eles.
Caroline arregalou os olhos para a amiga, mas ela não entendeu o recado. Se entendeu, fingiu não entender, pois já os acompanhava feliz, comentando estrategicamente sobre o frio que estava fazendo. Isaac não se demorou a oferecer o próprio casaco.
Assim que partiram, Caroline olhou timidamente para a sala vizinha, onde Zac estava sentado escrevendo algo. Aparentemente ainda não havia percebido que estava a sós com ela.
A verdade é que, após a última discussão entre Taylor e Zac presenciada por Caroline, ela não havia passado nem um momento sequer sozinha com ele. Para Taylor, havia sido fácil perdoar o irmão, uma vez que brigas entre eles eram frequentes e nunca tinham um significado maior. Mas ela agora ficava envergonhada na presença do mais novo, sempre evitando olhar para ele quando era impossível evitar sua presença.
O encarou por tempo demais. Zac ergueu os olhos, e vendo que ela o observava, ensaiou um sorriso rápido antes de voltar imediatamente para seu caderno. Caroline reparou que ele havia corado; devia estar constrangido também, agora que descobrira o fato de estarem sozinhos no estúdio.
"Eu mato o Taylor." Pensou ela. Esse era um pensamento frequente nos últimos dias. "E também o Ike. E a Jéssica, por que ela tinha que dar mole pra ele justo agora? Não acredito que me largaram aqui com esse grosso. Eu devia ter ido junto." Ela se levantou e ficou andando em círculos pela sala, se perguntando se eles iriam demorar muito. Quando não aguentava mais esperar, saiu para a calçada. Estava muito frio lá fora, mas ao menos a pressão era menor.
Estava impassível olhando a rua; esfregava os braços, tentando se esquentar da melhor maneira que podia. Não precisou fazer muito esforço. Logo ouviu os passos se aproximando às suas costas, e a onda de nervosismo que percorreu seu corpo foi o suficiente para afastar o frio.
- Caroline?
Ela se virou, contra sua vontade. Zac se aproximava. Claro que ele não iria deixá-la se isolar em paz.
- Aqui está congelante, não quer ficar lá dentro?
Ela balançou a cabeça, desviando o rosto rapidamente. Ele estava agindo como se nada tivesse acontecido. Infelizmente, ela não tinha essa audácia.
- Você está me evitando?
Caroline sabia que era inútil negar. Olhou para ele, sem encontrar o que dizer, apenas esperando que ele pudesse ler a verdade em seus olhos. Que sim, ela se sentia desconfortável na presença dele, e gostaria que fosse diferente. Que ela sentia muito pelo fato de seu relacionamento com Taylor magoá-lo, mas agora não sabia mais viver de outra forma. Que ela esperava que eles pudessem ser amigos, mas que era covarde demais para tentar uma aproximação, pois se ele a destratasse, ela provavelmente começaria a chorar. Evidentemente, Zac não conseguiu captar tudo isso apenas pelo olhar dela, mas ele deduziu o essencial.
- Deixei um clima chato entre a gente, né? - Indagou ele. Caroline deu de ombros, passando a encarar o chão.
- O que você tem? - Ele deu uma risadinha. - Esqueceu como se fala inglês?
- Ai, por que você é sempre tão estúpido? - Ela explodiu. O sorriso dele desapareceu.
Houve um momento de silêncio extremamente longo.
- Desculpe. - Disse ela a contragosto.
- Tudo bem, acho que eu mereci. Principalmente depois do que falei sobre você aquele dia. Na verdade, acho que eu devo me desculpar... quero que saiba que não penso aquelas coisas sobre você. Aliás, te acho uma garota legal. Com um péssimo gosto para homens, não vou mentir... não que eu tenha um bom gosto para homens, claro... quer dizer, mulheres com bom gosto gostam de mim. Não do Taylor, entende? Mas é, em todo caso... você é gente boa.
Ela ficou muda diante daquele pequeno desabafo, mas não podia arriscar que ele zombasse de seu inglês novamente.
- Certo... sem problemas.
- Nah, você ainda está chateada. - Concluiu ele, observando-a. - Escute Caroline, eu não tenho nada contra você, de verdade. E sei que o Taylor está mais feliz agora, antes ele era um pé no saco... mais ainda, é, dá pra acreditar? Mas minha mulher é a melhor amiga da Natalie. Isso me deixa em uma situação difícil as vezes, porque ela não gosta quando eu fico com vocês... e se deixo de ficar, o Taylor enche, diz que não estou sendo legal com você... sei que você mesma não está nem aí pra minha companhia, mas é difícil agradar todo mundo.
- Também não é assim, eu gostaria de ser sua amiga. - Disse ela, finalmente sendo sincera. - Mas entendo o seu lado... sei que talvez seja impossível, ao menos por enquanto. Eu posso conversar com o Taylor se você quiser... dizer que está tudo bem entre a gente, para ele te deixar em paz.
- Eu sabia que você era gente boa... - Disse Zac sorrindo. - Bom, não tem Kate nem Taylor para me estressar agora, vamos entrar, quero te mostrar uma coisa que estou fazendo.
Quando Taylor, Isaac e Jéssica voltaram cobertos de mantimentos, tiveram uma agradável surpresa. Zac e Caroline estavam sentados lado a lado no piano, ele mostrando sua nova composição. Taylor, em especial, ficou muito satisfeito com a reviravolta na relação dos dois.
- We are the wild, wild robots!- Zac cantava empolgado, sem reparar na expressão assustada de Caroline diante de sua animação.
- Ah não, não acredito que você está tocando essa porcaria pra ela. - Lamentou Isaac. Zac fechou a cara para ele.
- Pois fique sabendo que quando você e o Taylor se aposentarem por causa das dores nas juntas, eu vou lançar a Wild Robots, ela vai ser um sucesso, vou ficar megazilionário e vocês dois vão morrer de inveja e vão amaldiçoar o meu nome enquanto tentam lembrar onde deixaram a bengala.
- Que diabos é Wild Robots? - Perguntou Jéssica, que estava meio perdida. Isaac revirou os olhos.
- É essa música tosca que ele compôs.
- É o primeiro single... - corrigiu Zac - da Zac Hanson and the Wild Robots, banda número um nos Estados Unidos.
- Idiota... - Murmurou Isaac.
- Qual é, Ike. - Taylor começou a dar tapinhas amigáveis nos ombros do mais novo. - Maninho, eu acredito na Wild Robots. Um dia as pessoas vão saber apreciar o seu talento...eh... peculiar. - Disse, rindo.
- É, tá legal. Vocês trouxeram meu salgadinho de bacon?
Todos se afastaram para atacar a comida, exceto Caroline, que continuou sentada diante do piano. Taylor ocupou o lugar de Zac assim que ele se levantou.
- E aí.
- E aí. - Caroline sorriu.
- Não sabia que vocês estavam conversando de novo... fiquei feliz.
- O Zac veio falar comigo depois que vocês foram embora... também fiquei feliz. Acho que ele não me odeia tanto quanto eu imaginava...
- Claro que não, quem odiaria você? - Perguntou Taylor, batendo distraidamente nas teclas.
- Tay, qual é a sua boa notícia? - Caroline mudou de assunto. Não aguentava mais de curiosidade.
- Ah, sim. - Ele se animou. - Ouvi boas novas do advogado hoje... escuta só, por causa da nossa situação especial... sabe... não que vá acontecer algo, mas como é possível que aconteça... embora improvável... com você, sabe? O seu...
- Minha doença... você pode falar, não é um tabu. - Ela deu uma risadinha.
- É, bom... ainda vai demorar um tempo para sair o meu divórcio, mas assim que ele se concluir, tudo já vai estar encaminhado para eu ser um cara casado de novo. Desde agora eu e você podemos fazer um contrato de união estável e...
- Ehn? - Ela estava visivelmente confusa.
- Ah, resumindo... nós podemos nos casar do jeito que você sempre quis, com um padre, uma igreja, vestido branco e tudo o mais.
- Sério? Sem bigamia? Sem indenização?
- Isso mesmo.
- Ei, como assim "do jeito que eu sempre quis"? Você sabe que eu não me importo com essas coisas, se você quiser trocar aneizinhos de coco em uma praia de nudismo, eu concordo. Teria o mesmo valor para mim.
Ele riu.
- É por isso que eu amo você.
*****
Caroline mal havia chegado ao quarto mês de gravidez e de repente, o casamento estava marcado. Escolheram fazer uma cerimônia simples em uma praia brasileira, que apesar de tudo, não era de nudismo. Taylor estava hesitante quanto a se casar em outro país, mas os argumentos de Caroline o convenceram.
- Sinceramente, quantas pessoas da sua família você acha que querem ir? - Perguntou ela. - Se fizermos aqui nos Estados Unidos eles vão se sentir pressionados...
De fato, quando Taylor anunciou a data planejada, seus pais disseram ter compromissos importantes para o mesmo dia, convenientemente. Ele não engoliu.
- Compromisso? O que, lavar as roupas da Zöe?
Walker olhou feio para o filho, mas ele não se importou. Estava zangado com a atitude da sua família, cansado de todos pensarem que sua relação com Caroline era apenas uma fase, um divertimento. Para evitar mais irritações, decidiu que talvez fosse melhor fazerem a cerimônia no Brasil mesmo. Assim, só estaria presente quem realmente se importasse.
A data havia sido decidida. Iam se casar no meio de março, poucos dias depois do aniversário de Taylor. Voltaram com Jéssica para o Brasil no começo do mês para organizar os detalhes.
- Carol, a única coisa que estou achando ruim nessa história toda... você vai morar nos Estados Unidos! Nunca vou conseguir te ver direito.
As duas conversavam em um ônibus sacolejante pelas estradas do Rio de Janeiro. Taylor, no assento de trás, parecia estar rezando em voz baixa, preocupado com todos os filmes que havia visto envolvendo transportes brasileiros. De qualquer maneira, estava muito ocupado para querer saber o que as duas conversavam.
- Eu sei... quero ver eu me acostumar em Tulsa, onde todo mundo me detesta.
- Por que vocês não vem morar aqui? Não estou entendendo, esse sim é o sonho americano. Ou pelo menos, dos americanos... todo estrangeiro adora o Brasil.
- Não podemos.... - Disse Caroline, rindo. - Lá ele tem a banda, os filhos... seria impossível. Eu, por outro lado, não tenho nada que me prenda aqui.
- Obrigada pela parte que me toca. - Reclamou Jéssica.
- Ah, você entendeu....
A viagem continuou por muitas horas; de São Paulo, onde elas moravam, até a praia escolhida havia uma distância de quase quinhentos quilômetros. Taylor se surpreendeu, entretanto, quando o ônibus os deixou no meio de uma serra, completamente deserta de pessoas e construções.
- What the f...
- A gente precisa fazer uma trilha para chegar lá, não é muito longe. - Disse Caroline, jogando a mochila nas costas.
- Trilha? No meio disso aí? - Taylor indicou a mata à sua frente, assustado.
- Vai Taylor, sua barriguinha de chopp não está tão grande assim, você consegue. - Falou Jéssica, se embrenhando no mato. Caroline a seguiu.
- Vocês já estiveram aqui antes? Sabem o caminho? - Perguntou ele, correndo na cola delas.
- A gente costumava vir aqui o tempo inteiro, nas férias. Com nossos pais, eles eram meio hippies na adolescência, acho.
- Mas... tem animais aqui, não é? cobras... ou leões...
- Leões? - Jéssica começou a rir, mas Caroline a cutucou nas costelas.
- Ok, vou deixar passar essa... - Murmurou ela.
- E quanto à traficantes? - É nesse tipo de lugar que eles ficam. - Disse Taylor, que olhava para todos os lados, esperando ser atacado a qualquer segundo. Caroline e Jéssica se entreolharam.
- Relaxa Tay, não vamos encontrar traficantes... muito menos leões. Talvez algumas onças.
- Sério? - Ele se encolheu.
- Ou sucuris... - Disse Jéssica.
- Mulas selvagens...
- Dragões....
- Ah, calem a boca! - Reclamou Taylor, enquanto elas riam escandalosamente. - Parem de zoar comigo, queria ver se algo acontecesse!
- Calma, era brincadeirinha...
- Espero que o bebê não puxe seu humor. - Disse ele, irritado, ainda muito temeroso para achar alguma graça naquilo.
- Não se preocupe, eu prometo que vai valer a pena... essa praia é a mais bonita que eu já vi.
- E pouca gente conhece, já que ela é meio escondida. - Completou Jéssica.
- Você vai ver, estamos quase chegando...
Porém, a trilha ainda levou pouco mais de quarenta minutos. Taylor as atrasava, parando a todo instante por julgar ter ouvido um ruído suspeito, e caminhando lentamente, uma vez que fazia questão de olhar cada centímetro do chão à sua frente antes de pisar.
Por fim, alcançaram a saída; ele, parecendo ter corrido uma maratona. Caiu de joelhos, ofegante, usando todas suas energias restantes para erguer o rosto e contemplar a paisagem.
- Uau... - Foi só o que conseguiu dizer.
Elas não haviam mentido; era mesmo a praia mais bonita que ele já vira. A areia branca contrastava com o mar calmo, quase absurdamente azul. Era cercada pelos dois lados por rochas, e definitivamente, o lugar mais limpo que já havia visto.
- Nossa...- Murmurou, se levantando, esquecido momentaneamente do cansaço. - Esse lugar é fantástico.
- É mesmo, não é? - Jéssica parou ao lado dele, olhando ao seu redor. - Mas ainda vamos andar mais um pouco, até aquela casa ali. - Apontou o final da praia, onde uma grande construção de pedra se destacava no meio da folhagem.
- O que é lá?
- O único restaurante que tem por aqui... os donos moram lá mesmo, por isso é tão grande. Também funciona como pousada para quando alguém quer passar a noite na praia sem precisar acampar.
- Meus pais vão alugar a casa por alguns dias, quando as pessoas começarem a vir para a festa. É uma boa ideia, não é, Taylor?
- É... é sim. - Disse ele, deslumbrado. Aquilo parecia um outro mundo. - Bom, vamos indo, né... mais caminhada...
- Era de se esperar que você estivesse acostumado...- Caroline riu baixinho.
- Acostumado, ele? - Jéssica balançou a cabeça. -Americanos não se acostumam com isso nunca, aliás, acho que nem vão à praia. Por isso são dessa cor branquelo-doente.
Ele a ignorou pelo resto do dia.
*****
Se Taylor havia pensado que poderia aproveitar a perfeição da natureza brasileira nos dias seguintes, estava terrivelmente enganado. Havia muito o que fazer, e ele ficou ocupado a maior parte do tempo. Caroline e Jéssica também não pararam por um momento, nem mesmo quando os pais da garota chegaram para ajudar. Eram muitas ligações a serem feitas, serviços a serem contratados, provas de roupa e detalhes a serem decididos. Ao fim de duas semanas, a família inteira de Caroline já estava lá, todos hospedados na pousada-restaurante, que nunca estivera tão lotada. Na noite anterior ao casamento, Taylor finalmente recebeu a ligação que estava aguardando.
- Finalmente, Ike e Zac estão vindo pra cá. Achei que fosse me casar sem um padrinho.
- Onde eles estão? - Perguntou Caroline.
- Fazendo aquela sua trilha do terror, creio... se sobreviverem, devem chegar em meia hora.
Os dois estavam trancados em um dos quartos, exaustos. Podiam ouvir o burburinho da conversa no andar de baixo, todos extremamente empolgados. Socializar com a família de Caroline era desgastante, principalmente para Taylor, que não falava português.
- Ei... na hora não vamos dividir o pessoal entre sua família e minha família, certo? Seria humilhante.
Caroline riu.
- Claro que não.
- E então... está nervosa? - Perguntou sorrindo.
- Um pouco. - Ela admitiu.
- Eu não estou nervoso... dessa vez tudo parece estar certo. Estou exatamente onde gostaria de estar.
- Ahh... que mentira Taylor, você está suando.
- Claro, são quase sete horas da noite e deve estar fazendo quinhentos graus lá fora... não sei como vocês aguentam isso.
- Sei...
- Ok, estou nervoso mesmo. Na verdade, em pânico.
- Ai, por favor, não me largue no altar...
- Calma, é um pânico bom. - Disse ele, rindo. - Ei, que é esse barulho? - Perguntou de repente, franzindo a testa.
- É um barco... tem alguém chegando. - Caroline se levantou. - Acho melhor irmos ver...
Eles desceram, correndo até a praia, curiosos, mas Jéssica havia se adiantado. Estava de pé no mar, a água na altura dos joelhos. O barco motorizado flutuava na sua frente, trazendo Isaac e Zac consigo.
- Gente, olha quem chegou! - Berrou Jéssica, acenando para Taylor e a amiga. - O Ike está aqui, o Ike! E o Zac também!
Taylor se aproximou, pasmo.
- Por que vocês vieram de barco se eu tive que fazer aquela trilha? - Foram suas primeiras palavras para os irmãos. Estava mal-humorado. Isaac desceu sorridente, sem um fio de cabelo fora do lugar. Muito diferente de como Taylor havia chegado.
- Pegamos em outra praia. Nem precisamos pagar. - Disse ele, sorrindo para o garoto de bermuda que pilotava o barco. - Esse é o Lucas, ele trouxe a gente de graça, né Lucas?
- MMMBOP! - Disse Lucas, erguendo o polegar. Aparentemente, ele não entendia muito inglês.
- Ike se vendendo pela fama de dez anos atrás. - Explicou Zac, revirando os olhos. - Como o garoto o reconheceu eu não sei, deve ter sido pela cara de cavalo...
- Como você é idiota, Zachary. - Comentou Jéssica. Taylor arregalou os olhos ao ouvir aquilo, mas Caroline, vendo o que acontecia, interrompeu depressa.
- É melhor a gente entrar. - Disse, conduzindo-os para a casa. - Minha família está louca para conhecer vocês dois.
- É mesmo? - Perguntou um Zac sorridente, caminhando ao lado dela. - Alguma prima quer conhecer a gente? Você tem primas solteiras?
- Mulheres solteiras se interessam por caras solteiros. - Falou Isaac, o repreendendo. - E caras casados se interessam apenas por sua esposa.
Zac não gostou muito de ouvir aquilo. Jéssica também não.
Foi uma longa noite. Todos estavam muito ansiosos e não conseguiram pregar os olhos. Foram dormir apenas quando o dia raiou; teriam algumas horas de sono, pois a cerimônia estava marcada para acontecer somente ao por do sol.
Jéssica, porém, sempre a primeira a acordar, já estava de pé logo depois do meio dia, cutucando a amiga.
- Hora de acordar, hoje é dia de noiva! Tem um café de noiva aqui pra você, depois banho de noiva, cabelo de noiva, acooooorda! - Berrou, puxando o lençol de Caroline. Ela rolou para o chão.
- Estou com tanto sono... - Reclamou a menina, mas a preguiça desaparecia conforme o seu nervosismo aumentava. Sentou na cama, esfregando os olhos.
- Onde está o café que você falou?
- Nenhum café, esse é o café de noiva, senão não cabe no vestido. Agora para o banho!
Caroline obedeceu, xingando a amiga em voz baixa.
- Eu ouvi isso, viu? - Disse Jéssica estreitando os olhos.
Passaram uma tarde divertida juntas, e apesar de Jéssica parecer um pouco mandona, facilitou muito as coisas para Caroline. Ela mesma se encarregou de arrumar o cabelo, as unhas e a maquiagem da amiga, além da sua própria. Conversaram durante muitas horas, e riram muito, Jéssica apenas perdendo a paciência quando precisava ouvir comentários melosos sobre Taylor.
- Estou com saudades dele. - Disse Caroline, que não ainda não o havia visto naquele dia.
- Tá, ó, coma uma maçã. - Jéssica enfiou a fruta na cara da amiga.
No fim da tarde, quando as pessoas começavam a se juntar na praia, Jéssica declarou que estava tudo pronto.
- Amiga, não é porque eu te arrumei... mas você está perfeita. - Disse, emocionada.
- Nossa, ficou legal mesmo! - Caroline sorriu ao se olhar no espelho. Usava um vestido branco de alças, curto, o mais simples que pôde encontrar. Os cabelos caíam em cachos uniformes pelas costas, trançados em fios dourados. Mas o que realmente a deixava bonita era a felicidade estampada em seu rosto.
- Já está todo mundo lá fora...- Disse ao olhar pela janela. Várias tendas haviam sido erguidas na praia, que estava iluminada por tochas. Caroline podia ver Taylor com clareza, já esperando por ela.
- Carol, você está pronta? - Ela ouviu a voz de seu pai no andar de baixo. As duas desceram rapidamente.
- Você está linda, Caroline. - Disse Bernardo, emocionado. Quaisquer sentimentos negativos que ele tinha em relação à união dos dois pareciam ter desaparecido naquela noite.
- Obrigada papai.
- Ah, quase me esqueço. - Jéssica entregou à amiga o pequeno buquê de lírios. - É isso aí. Te vejo em alguns segundos. - Disse, beijando Caroline no rosto e saindo para se juntar aos outros convidados.
- Querida. - Começou o pai, assim que a amiga se afastara.
- Sim?
Bernardo a olhou por um longo segundo. Parecia estar procurando as palavras certas para expressar tudo o que sentia.
- Estou muito feliz por você. - Disse simplesmente. Não havia falado tudo o que queria, mas ela pareceu entender.
- Obrigada por me apoiar. - A garota o abraçou com sinceridade.
- Bem... vamos indo, vamos entregar você ao loirinho metido. - Falou Bernardo, querendo bancar o pai autoritário, mas sem conseguir conter as lágrimas de emoção. Depois de tudo que acontecera, ele não pensou que fosse ter a sorte de ver sua filha tão feliz novamente.
Quando saíram para a praia, todos os olhares se voltaram para ela, mas Caroline não via ninguém além de Taylor. Ele sorria, sem nenhum traço de hesitação em seu rosto.
Foi uma cerimônia rápida, mas emocionante. Ninguém se importou quando Taylor interrompeu o padre nas palavras finais.
- Por favor, não use o "até que a morte os separe". Pediu, sem se preocupar em manter a voz baixa. Ele olhou para Caroline, apertando de leve a mão dela. - Somos almas gêmeas, e uma bobagem como a morte nunca iria nos separar.
- Brega... - Sussurrou Zac, mas não lhe deram atenção. Caroline soluçava baixinho, incapaz de conter sua felicidade.
Era difícil de acreditar, mas finalmente acontecera. Depois de trocarem as alianças, ela olhou para Taylor e pela primeira vez em sua vida, não viu o garoto famoso. Viu o homem que acabara de prometer amá-la para sempre, e ela sabia que ele iria cumprir aquela promessa.
A festa também aconteceu na praia; o vestido branco da garota ficou molhado e sujo de areia muito rapidamente, mas ninguém pareceu reparar nisso; todos estavam se divertindo. Até mesmo Isaac, que costumava ser o modelo de bom comportamento, foi visto mergulhando no mar enquanto berrava a plenos pulmões que iria se mudar para o Brasil.
Perto da meia noite, quando começou a ficar realmente frio, a maioria dos convidados se retirou. Apenas os parentes mais jovens de Caroline continuaram na praia, dançando e bebendo.
- Ei. - Isaac apareceu ao lado dela, que estivera dançando com Taylor. - Venham comigo um pouco.
Os dois consentiram, seguindo-o para longe da festa, até um rochedo do outro lado da praia.
- Por que estamos vindo pra cá Ike? A maré está subindo. - Disse Taylor, reparando no mar, cada vez mais perto.
- Só mais um pouco...
Quando chegaram perto das pedras encontraram Zac e Jéssica já a espera deles, sentados diante de uma fogueira. O violão de Isaac estava recostado contra uma rocha.
- Nós preparamos um lual privado para vocês. - Falou Isaac rindo. - Sentem-se aí.
- Eu e Ike fizemos uma música, estava ensinando a letra para a Jéssica. Vai gente... um, dois...
Taylor e Caroline se sentaram lado a lado, apenas apreciando o calor do fogo e a música. Isaac tocava o violão enquanto Jéssica e Zac cantavam em um dueto muito desafinado, mas eles gostaram mesmo assim. A canção falava sobre como o amor deles havia nascido e se tornado um sentimento tão forte como o que era hoje, mas no fim, Caroline deixara Taylor para viver com um robô gigante. Eles suspeitavam que Zac havia sido o encarregado pela letra.
Tocaram muitas músicas depois daquela, e apesar do frio que fazia, não viram o tempo passar. Resolveram apenas voltar para a pousada quando o mar já estava tão próximo que tocava os seus dedos.
Caminhando de mãos dadas com Taylor, descalça na areia, Caroline recostou a cabeça no ombro dele.
- Sabe... se eu pudesse viver para sempre um momento, com certeza seria esse.
Ele a abraçou.
- Eu também.
"Hold me and tell me I'm home."
Nossaa!!! Adoreiiii. Me emocionei e ri ao mesmo tempo. As cenas estavam mt boas, apaixonante. O Taylor com medo do Rio foi a melhor parte, ri um bocado. hahaaha
ResponderExcluirAdorei mesmo, não vejo a hora de ler os próximos capítulos. Vê se não demora a atualizar *.*
Beijos
uhaushas nossa, amei muito! cada vez melhor! ;D
ResponderExcluirnão vejo a hora de ler os próximos capítulos ²
Lindo capitulo!!! Emocionante e egracado...
ResponderExcluirUm casal apaixonante...
Beijos
Oii!!!
ResponderExcluirEu sempre leio essa fanfic, mas nunca comentei e juro que nem sei o pq.
Mas hoje....vou mudar isso. =)
Adorei o capítulo.
Adooooro a Jéssica. Ela é muito engraçada.
Taylor e Carol são muito fofos.
Não sei se teria a coragem da Carol de ir para Tulsa, como ela msm disse: "...quando estou com você perco a noção do que devo ou não fazer... toda vez." É...a gente perde o rumo msm qdo é o Taylor pedindo alguma coisa. rsrs....
Esse capítulo foi lindo!!
Parabéns!!
To ansiosa para a próxima atualização.
Beijinhos.
Estou cada vez mais apaixonada pela história. Venho sempre aqui ver se foi atualizada.
ResponderExcluirParabéns por escrever de um modo cativante.
Curiosaaaaaa rs
beijos
nooossaaaaaaa muito bom esse capitulo, cara rachei de rir com o Tay e a 'trilha do terror', me lembrei daquele filme tosco 'turistas', realmente é assim q os estrangeiros pensam do Brasil,né?imaginem alguém sequestrando o Tay para roubar os órgãos dele!tadinhooooo judiação dele! fora isso,romantismo em alta, eu fiquei com pena da Carol(nome lindo,by the way), justo qdo ela ia dar um 'pega' cm o Tay chegou a Zoe,ai q vergonha,não gosto nem de imaginar uma situação dessas!!
ResponderExcluiraah que capítulo mais lindo! Ri e me emocionei muito! que bom ver as coisas finalmente dando certo pro Tay e pra Carol. E olhaa, se eu fosse a Jéssica não dava bobeira não, ia partir pra cima do tio Ike! hahahahah
ResponderExcluirAhhhh atualizaaa por favor!!!
ResponderExcluirEstou ansiosa para a noite de nupcia!!! :)