" I awake to the rising sun with the hope for brighter days "
- Casamento? Você só pode estar brincando. - Gritava Jéssica no telefone, espantada demais para manter a voz baixa.
- Não, é sério! Eu mesma não consigo acreditar!
- Meu Deus, o que você respondeu pra ele? Aceitou?
- Eu disse que sim, né! - Confessou Caroline, praticamente dando pulos na cama. - Foi a coisa mais estranha do mundo, ele pediu, e eu olhei pra cara dele... me senti uma adolescente de novo , quando eu fantasiava com essas coisas... queria que você estivesse lá pra me beliscar, seria impossível que...
- Impossível? Eu não sei mais o que significa essa palavra, Carol. - Interrompeu a amiga, igualmente empolgada. - Caramba, toda vez que eu deixo vocês dois sozinhos alguma coisa acontece!
- É, eu sei! Minhas mãos estão tremendo até agora...
- Falando em mãos, ele te deu uma aliança?
- Deu sim! - Caroline deitou de bruços na cama, segurando o telefone no ouvido e encarando a parede do outro lado do quarto, onde um Taylor de papel a observava, sorridente. Aquilo parecia fazer parte de uma outra vida. - Acho que ele saiu de manhã para comprar, eu pensei que ele tinha ido embora... ela é linda... - Disse a garota emocionada, olhando o singelo anel em seus dedos.
Jéssica berrou um palavrão, no auge de sua ansiedade.
- E os seus pais?? Eles estão ok com isso?
- Bom, minha mãe já sabia de tudo. Ele já havia contado pra ela, sabe-se lá como! Não contamos para o papai ainda... mamãe acha que ele pode parar no hospital quando souber.
Do outro lado da linha, a amiga conteu uma risada, ao imaginar a reação de Bernardo.
- Eu quero estar aí quando contarem a ele, não posso perder seu pai espancando o Taylor. - Disse a garota, abafando risadinhas. - Mas Caroline... essa história é muito louca... e... bom... como vai ser?
As duas haviam chegado em um mudo consenso de não mencionarem o nome de Natalie. Caroline se sentia extremamente culpada toda vez em que o nome dela era trazido à discussão, e Jéssica já havia percebido. Mas parecia ser um assunto inevitável naquele momento. A menina suspirou, baixando a voz.
- Bom... ele disse que vai se divorciar... mas que como é um processo muito demorado, não precisamos nos casar legalmente... só...
- Só o que? Não podem se casar... er... religiosamente também, nenhuma igreja vai aceitar isso. - Comentou Jéssica, que ao contrário da amiga, apenas alterava a voz cada vez mais. - Como vão fazer isso?
- Eu não sei, isso é com o Taylor... ele diz que quer mostrar pra todo mundo que estamos juntos, vai entender. - Caroline se fez de desentendida, não querendo alongar aquele assunto. - Mas bom, continua sendo incrível para mim...
- Eu sei! - Berrou Jéssica. - E sabe, parte de mim deveria estar com inveja, afinal, ele ainda é um Hanson, não é? Mas nossa, eu só estou feliz, muito feliz por você Carol!
- Obrigada Jess! - Disse a garota, se calando em seguida ao ouvir uma porta bater. - Jéssica, vou desligar... minha mãe está aqui.
- Ok. - Respondeu ela prontamente. - Não esqueça de me convidar para a grande revelação!
Rindo, Caroline desligou o telefone, e se dirigiu cautelosamente à sala de estar, onde Márcia chegava com várias sacolas nas mãos. Taylor a acompanhava, segurando a maior parte das compras e parecendo extremamente maravilhado.
- Fui mostrar um pouco da cidade para ele. - Disse a mãe, enquanto levava as coisas para a cozinha. - Acho que não teve a chance de conhecer São Paulo direito das outras vezes.
Caroline ficou preocupada com a possibilidade de sua mãe tê-lo entediado durante a tarde inteira, mas Taylor continuava com o sorriso no rosto.
- Tudo bem? - Perguntou a menina.
- Tudo ótimo, estou adorando essa cidade. - Disse ele, pousando algumas compras sobre a mesa e se aproximando dela. - E você?
- Perfeito, estava falando com a Jéssica ao telefone. Acho que vou convidá-la para jantar aqui hoje, você liga?
- Claro que não. - Taylor franziu o cenho. - É sua casa, e sua amiga.
- E minha madrinha... - Falou ela baixinho, erguendo os olhos esperançosos para ele. Taylor parecia surpreso, mas definitivamente feliz.
- Você contou a ela? Isso é bom! Mal posso esperar para contar ao Isaac, ele deve estar morrendo pra saber o que anda acontecendo aqui...
- Bom, vamos contar ao meu pai antes... depois, se continuarmos vivos...
- Carol, não seja pessimista.
*****
A tarde se arrastara. Márcia havia começado a preparar o jantar logo cedo, enquanto Caroline arrumava a sala da melhor maneira que podia. O maior obstáculo naquele momento era Bernardo, e a garota esperava deixá-lo o mais feliz possível antes de dar a notícia bombástica. Só então poderiam dar o próximo passo na tortuosa estrada que a levaria à felicidade completa. Não que ela já não estivesse feliz; há muito tempo não se sentia tão completa.
Taylor, entrementes, ficava rodando pela casa, sem saber o que fazer. Tentava ajudar as mulheres de vez em quando, mas estava nervoso, e sempre acabava se atrapalhando. Ele apenas se aquietou quando Caroline começou a ameaçá-lo com uma panela.
Quando Bernardo chegou do trabalho, notou imediatamente a casa extraordinariamente limpa, e a tensão estampada em cada rosto.
- Olá, Caroline. - Disse ele, lançando um olhar cauteloso à filha. Passou por Taylor sem fazer comentários, indo cumprimentar a esposa.
- Ao menos ele não está mais gritando comigo... - Sussurrou o rapaz, sempre tentando ser otimista. Caroline o cutucou nas costelas.
Mal Bernardo havia chegado e a campainha tocou. Ele olhou para a porta com um ar curioso.
- Deve ser a Jess, convidamos ela para jantar. - Explicou Caroline, indo atendê-la. Taylor a seguia como uma sombra.
- Oi para os noivinhos mais fofos! - Gritou Jéssica assim que a porta se abriu, puxando os dois com força para um abraço triplo. Taylor, que não esperava por aquilo, retribuiu sem jeito, lançando um olhar de desespero à Caroline, que se afastou depressa.
- Shh! - Fez ela rindo, mas olhando preocupada por sobre o ombro. - Se meu pai ouvir isso...
- Medrosa. - Jéssica revirou os olhos.
- Por que está com esse casaco enorme? - Perguntou Taylor, reparando na roupa da menina. - Não é verão aqui no Brasil?
- Sim, mas está frio! - Falou ela, como se fosse a resposta óbvia. - Vinte graus hoje!
- Isso é frio? - Zombou Taylor.
- É, bem vindo ao frio brasileiro. - Uma vez dentro da casa, Jéssica tirou o casaco, pendurando-o sobre uma cadeira. Caroline apreciava a discussão dos dois em silêncio.
- É porque você é muito magra Jéssica, se tivesse mais gordura no corpo não sentiria tanto frio. - Disse ele sabiamente, fazendo a garota se virar chocada.
- Está me chamando de magrela? - Perguntou ela indignada. - Carol, olha isso, só porque ele tem essa barriguinha de chopp acha que pode...
- Vamos para a mesa, né? - Falou Caroline imediatamente, tentando encerrar a troca de elogios, embora estivesse se divertindo.
- Sua mãe ainda está cozinhando... - Comentou Taylor, olhando para ela.
- Vai lá ajudá-la, enquanto eu falo um pouco com a Jéssica... pode ir, não precisa entender o que ela fala, ela só vai pedir pra você mexer a panela ou algo assim.
As duas garotas observaram ele se afastar, parecendo extremamente apreensivo. Jéssica sufocou uma risada.
- Já está nesse ponto, é? "Faça isso, faça aquilo", coitado, não sabe o que o espera...
Caroline ignorou a amiga, puxando-a rapidamente para o sofá, onde poderiam conversar em paz.
- E então? - Jéssica olhava ansiosa para ela. Caroline segurou os próprios cabelos e deu um gritinho baixo, porém muito agudo. Como uma verdadeira adolescente em crise.
- Nervosa? - Perguntou Jéssica, rindo.
- Você nem imagina o quanto, estou surtando aqui... - Ela esfregou os olhos, inquieta. Jéssica lançou um olhar ao anel que circundava o dedo da garota.
- É essa a aliança? É linda... mas também, Taylor Hanson... não é pouca coisa...
- Jess, não chame ele de Taylor Hanson, eu mesma já estou tendo tanta dificuldade para me acostumar com isso tudo.... dá pra acreditar em como minha vida mudou nos últimos meses? Há pouco tempo eu o vi cozinhando através da tela de um computador e hoje ele está fazendo a mesma coisa... na minha cozinha.
- Sério? Por que? Ele está fazendo biscoitos? - Perguntou Jéssica, espichando o pescoço e fazendo menção de se levantar.
- Não, espere. - Caroline segurou o braço dela. - Eu preciso de você, da sua ajuda... nesse tempo todo... vai ser minha madrinha não é?
Jéssica encarou os grandes olhos castanhos da amiga, mostrando uma determinação que há muito tempo ela não via. Sabia que ela levaria toda aquela história adiante, mesmo com a gigantesca quantidade de problemas que não paravam de surgir.
- É claro que vou. - Respondeu ela calmamente. - Mas já decidiram como irão fazer isso?
- Bom...
- Ei, vocês podiam se casar no Candomblé! Ou em um ritual Wicca, imagina que maneiro.
Caroline começou a rir, mas parou, surpresa, ao ver que a amiga não a acompanhava.
- Nossa, você está falando sério?
- Claro que estou, ué. - Falou Jéssica.
- Ficou maluca? O Taylor é católico... eu também.
- Bom, até onde eu sei, bigamia é crime.
- Mas Jess, ninguém precisa descobrir que ele já é casado... não é como se o nosso fosse durar um tempão não é, são apenas alguns meses agora...
- Não fale essas coisas. - Repreendeu Jéssica, dando um tapão na cabeça da amiga. - Que coisa horrível. E como eu ia dizendo... - Continuou ela, ignorando Caroline, que massageava a cabeça, fazendo cara feia. - SE alguém descobrir, ele vai ter que pagar uma indenização, e sabe-se lá o que mais pode acontecer...
- Ninguém vai descobrir, porque não vamos nos casar de verdade, como eu disse... é só algo simbólico.
- Sem padre? Como é que vão fazer isso? É muito estranho.
- Eu não sei...- Murmurou a garota.
- Estou dizendo, Wicca é o melhor caminho, eu tenho uma amiga que...
- Shh, ele está voltando. - Disse Caroline, e as duas se calaram. Taylor se aproximou por trás do sofá, olhando desconfiado para as garotas, como se soubesse exatamente do que elas falavam.
- Estão chamando vocês para jantar... eu acho. - Falou ele, a voz levemente trêmula.
- Você está legal? - Perguntou Jéssica, notando a palidez no rosto dele.
- Estou. - Respondeu, se virando para Caroline em seguida. - Sua mãe estava me ensinando o nome das coisas de cozinha, em português... só fiquei um pouco nervoso, ela fez uma espécie de teste no fim.
A garota revirou os olhos.
- Não é bizarro... - Cochichou Jéssica, enquanto iam para a sala de jantar. - ... que ele vá ter uma sogra apenas dez anos mais velha?
Foi sua vez de levar um tapa.
*****
Foi uma refeição silenciosa. Porém, o ambiente não estava tão tenso quanto na noite anterior, Taylor estava um pouco mais à vontade, e Bernardo, menos rude. As três mulheres à mesa se entreolhavam a todo momento, mas ninguém sabia realmente o que dizer.
- Sabe, a comida estava muito boa. - Disse Jéssica, em uma corajosa tentativa de puxar assunto.
- É verdade. - Concordou Bernardo, sorrindo para a garota. - Essa carne está deliciosa, acho que é a melhor que já comi...
- Foi o Taylor que fez o molho. - Comentou Caroline. O pai largou o garfo, aborrecido.
- Bom, temos uma sobremesa, vou buscá-la. - Márcia se levantou, recolhendo os pratos e deixando a sala rapidamente.
- Papai, queria conversar com você... - Começou Caroline, no momento em que a mãe se afastara. - Mas não sei bem como dizer...
Bernardo olhou da filha para Taylor, sabendo que ele provavelmente teria algo a ver com aquilo.
- Sim, diga.
- Bom...
- Taylor e Carol vão se casar! - Disse Jéssica sorridente, jogando as mãos para o alto, sem conseguir se conter. Bernardo se levantou na hora.
- O que?? Caroline!
- Jéssica! - Reclamou a garota.
- Bernardo! - Exclamou Márcia, retornando à sala com taças de sorvete. - Sente-se agora!
O marido obedeceu, voltando a se calar. Mas fuzilava Taylor pelo canto dos olhos, que por sua vez, parecia uma estátua na cadeira.
- Papai, pare de olhar para ele assim.
- Carol, conte a ele sobre a cerimônia Wicca...
- Cerimônia o que? - Perguntou Bernardo, mantendo a voz neutra. Márcia o observava com atenção, pronta pra interferir a qualquer sinal de grosseria.
- Nada. - Caroline balançou a cabeça, contrariada. - Olha pai, não estou pedindo permissão, eu já aceitei... só gostaria que ficasse feliz por mim.
- Aceitou? - Zombou ele, sem conseguir se conter. - Como foi o grande pedido? O que ele fez para você, um jantar à luz de velas? Te deu uma aliança?
- Na verdade deu, olha que linda, deve ter custado uma fortuna. - Jéssica apontava animada para o dedo de Caroline, que rapidamente escondeu as mãos.
- Essa não é a questão... - Começou a menina.
- Márcia, isso é o fim, não me diga que está de acordo...
- Ah, eu posso dizer algo? - Interrompeu Taylor. Todos olharam para ele, que engoliu em seco ao se dirigir ao pai da garota.
- Bem... eu sei que você...
- O senhor. - Corrigiu Jéssica em voz baixa.
- O senhor... acha que sou um aproveitador, e tirei a inocência da Carol e tudo o mais... o que eu duvido muito, se visse as fotos que ela tem com alguns primos... - Caroline o chutou por baixo da cadeira. - Mas bom, er, isso não é importante... o que eu quero dizer, é que, sabe... meus pais também sempre foram muito protetores e há alguns anos, me conduziram por um caminho que eles julgavam ser o melhor para mim... não estou reclamando, por mais que eu discordasse deles na época, sei que essa decisão tornou minha vida mais simples... - Todos encaravam Taylor em silêncio, que agora já parecia perfeitamente confortável com toda a atenção. Caroline e Jéssica compreendiam aquele pequeno discurso, mas Bernardo o observava confuso, sem saber exatamente o que ele estava querendo dizer.
- Onde quer chegar com isso? - Perguntou, tão curioso que até se esqueceu de parecer mal educado.
- Bom... acho que quero dizer o seguinte... sei que o senhor quer o melhor para ela, e provavelmente eu não estou incluso nesses planos... mas, as vezes, é preciso arriscar... sabe, deixar a coisa rolar, porque nem sempre o caminho mais adequado será o mais feliz... eu tenho filhos também, sei como é isso, mas as vezes simplesmente temos que deixar as coisas nas mãos do destino.
Bernardo arregalou os olhos, alarmado com a nova informação.
- Falou demais... - Murmurou Jéssica, dando um tapinha na testa.
Taylor se calou, passando a encarar Bernardo. Pressentia que era como um animal selvagem, deveria manter contato visual, por mais que quisesse simplesmente baixar os olhos e se encolher na cadeira.
- Bom, certamente não seria a pior coisa do mundo... - Falou o pai da garota, coçando a barba, pensativo. Parecia finalmente ter se convencido, ou no mínimo, aceitado aquela situação. - Não imaginava que você tinha filhos.
- Quatro filhos.
- Três filhos. - Corrigiu Jéssica.
- E uma filha... - Taylor completou. Bernardo estreitou os olhos.
- Uau, são muitas crianças... pensei que você fosse novo, qual é a sua idade?
- Ele tem vinte e sete, papai.
- Vinte e cinco, Carol. - Falou Jéssica, tentando melhorar a imagem de Taylor.
- Vinte e cinco e vinte e quatro meses.
- Está bem... - Bernardo arqueou uma sobrancelha, mas se levantou lentamente, parecendo mais calmo. - Bom, esses riquinhos podem ter quantos filhos quiserem, não é mesmo... podem pagar quinze babás e tudo o mais, é uma preocupação a menos... é melhor eu ir me deitar um pouco, vejo vocês todos amanhã.
- Ele tinha que dar uma última provocadinha, né... - Comentou Caroline em voz baixa, observando o pai se afastar.
- Ao menos ele não está mais gritando. - Márcia sorriu para as meninas, se levantando também. - Presumo que isso seja um bom sinal? Vou acompanhá-lo, é perigoso deixá-lo sozinho agora... vocês fiquem a vontade.
Os três enfim ficaram a sós. Se entreolharam, sorridentes.
- Um problema a menos, acho.
*****
O resto da noite foi absolutamente tranquila. Ninguém havia mencionado mais nada sobre o jantar, nem sobre a proposta de casamento. O dia seguinte também começou calmo, e depois de um almoço apressado, Caroline e Taylor estavam na sala de estar, conversando sobre o que fariam a seguir.
- Carol. - Falou Márcia, que acabara de chegar. - Alguém deixou uns panfletos para você... hum... convite à iniciação Wicca... - Ela leu em voz alta, franzindo a testa.
A garota revirou os olhos.
- Jogue isso fora, mamãe.
Taylor esperou que Márcia se afastase e se virou para Caroline.
- Hoje acho que vou sair para comprar a minha passagem. - Disse ele.
- Mas já?
- É, preciso resolver muita coisa por lá. Quanto mais eu demorar, pior fica.
- Poxa, mas você não ficou nada aqui... - Ela reclamou em voz baixa, mas parou por aí. No fundo, sabia que ele estava certo.
- Na verdade, eu gostaria que você viesse comigo.
Caroline olhou para ele na esperança de ver um ar brincalhão em seu rosto, mas já sabendo que não o encontraria. Tudo que ele dizia ultimamente, era sério.
- Tá... agora você ficou maluco de vez. - Comentou, sorrindo de lado.
- Qual é o problema? Sério, por que não? - Os olhos de Taylor brilhavam com a expectativa. - Vai ser legal, posso te apresentar oficialmente para todo mundo.
O coração da garota começou a bater acelerado.
- Apresentar...?
- Sim, claro que Ike e Zac já te conhecem, mas meus pais ainda não, nem meus irmãos... e gostaria que você conhecesse as crianças também.
- Vão me matar...- Sussurrou Caroline balançando a cabeça, mas Taylor riu. Parecia totalmente despreocupado com a reação da família.
- Não vão, eu prometo. - Disse ele. - Você vai comigo?
Apesar de estar apreensiva, era uma opção tentadora. Caroline arriscou um olhar para a cozinha, onde seus pais conversavam sem saber a nova notícia que os aguardava.
- Bem... preciso convencê-los.
- Isso não será problema. - Falou Taylor. - Se eles quiserem, podem ir também.
- Por favor, pare de beber. - Pediu a garota, olhando para ele, dividida entre o espanto e a vontade de rir.
- Estou falando sério, seria bom para o seu pai ver que no fundo, eu sou legal...
- Vamos deixar isso pra mais tarde. Acho que não estou psicologicamente preparada. - Caroline tremeu somente por imaginar a cena. Ela, Taylor e os pais de ambos na mesma sala.
- A decisão é sua. Mas você vai comigo. - Exigiu ele.
*****
Poucos dias depois daquela fatídica conversa, Caroline se viu novamente nos Estados Unidos, dessa vez, acompanhada somente de Taylor. A ausência de sua melhor amiga dava um novo sentido à tudo aquilo; qualquer momento de desepero precisaria ser superado somente por sua força de vontade.
- Você está bem? Não falou nada durante toda a viagem.
- Não gosto de aviões. - Ela se desculpou, embora suas preocupações estivessem indo muito além do vôo. Mas Taylor já corria os olhos pelo aerporto, ansioso.
- Onde estão eles? Ah! Venha, Carol.
A garota se virou, deparando-se com Isaac e Zac, que se aproximavam lentamente. Ambos pareciam estar surpresos de vê-la ali, mas conseguiram esconder com maestria.
- Tay, Carol. - O mais velho os cumprimentou, com um aceno de cabeça. Zac se limitou a sorrir.
- Ike, Zac. Como vão as coisas por aqui?
- Um pouco tensas, estávamos preocupados. Vamos para a casa da mamãe, ela está querendo te ver.
Caroline os acompanhou enquanto se dirigiam ao carro, sentindo-se terrivelmente deslocada, embora Taylor fizesse questão de caminhar segurando sua mão. "Bom, estou desacostumada a andar com pessoas muito altas." Pensou ela, querendo justificar seu desconforto. A viagem pelas ruas de Tulsa também foi bem silenciosa, pois todos estavam apreensivos com a presença da garota ali. Especialmente ela.
Cedo demais, chegaram à casa. Taylor mal havia descido do carro, e ainda estava pensando no que diria aos seus pais sobre Caroline quando uma voz interrompeu seus pensamentos.
- Taylor, nunca mais faça isso comigo! Quase me matou de preocupação.
Diana se aproximava apressada, puxando o filho para um abraço e bagunçando seu cabelo.
- Tudo bem mãe, não sou uma criança.
- É sim, sempre vai ser o meu bebê, está ouvindo? Nunca mais faça isso, nunca! - Repetiu a mãe, batendo de leve nos ombros dele.
- Mamãe, essa é a Caroline. - Falou ele, decidido a mudar de assunto imediatamente. Com um olhar, a garota entendeu que seria melhor jamais mencionar aquilo que acabara de presenciar.
- Caroline? - Diana parecia ligeiramente confusa ao encarar a menina.
- Sim, é minha noiva.
Todos pararam de respirar por um segundo. Até mesmo Isaac e Zac, que estavam descarregando o carro pareciam estar atentos. Mas o constrangimento durou apenas um momento.
- Bem vinda. - Falou Diana, com um enorme sorriso. Depois se afastou, ainda resmungando para Taylor suas exigências sobre fugas repentinas.
- Viu, vai dar tudo certo. - Ele disse à Caroline, escoltando-a para dentro da casa.
- Sua mãe é só uma pessoa... ainda faltam...
- Umas vinte? É, eu sei.
A casa estava muito movimentada, como sempre, por isso ninguém prestava totalmente atenção à garota. Taylor a apresentou aos irmãos mais novos, que pareceram apenas educadamente curiosos, nada além do esperado. Como tudo parecia estar indo bem, ele a deixou sozinha na sala com os outros, usando a desculpa de que ia pegar um suco para ela. A garota se sentou na ponta de um sofá, envergonhada, mas foi salva por Zac que se aproximava.
- Caroline, essa é milha esposa, Kate.
- Eu me lembro de você. - Falou Kate sorridente, puxando a menina para um abraço totalmente inesperado.
- É... me lembro de você também. - Caroline retribuiu o sorriso, tentando ignorar seu nervosismo. Zac riu de leve.
- Vou pegar a bebê para conhecê-la. Espere aí. - Disse ele, voltando para os quartos. Caroline e Kate se encararam por um longo momento.
- Então, sua filhinha está com quantos meses? - A garota tentou puxar assunto. Se surpreendeu ao ver a expressão de Kate mudar. De repente, ela não parecia mais tão amigável.
- Por favor, não me trate como se eu fosse sua amiga. O que você fez para conseguí-lo foi repugnante. - Disse ela friamente, e se afastou dali, deixando Caroline temporariamente paralisada.
- Oi. Suco de laranja? - Uma voz perguntou, e Taylor se aproximou por trás, oferecendo-lhe um copo. A garota não reagiu.
- Carol?
- Desculpe. Sim, obrigada. - Disse ela automaticamente, pegando o copo e virando-o em um só gole.
- Você está bem?
- Estou.
- É mesmo? - Taylor franziu o cenho.
- Estou, Tay.
- Escute, eu ouvi o que a Kate disse. - Confidenciou ele, segurando-a pelos ombros. - Depois vou conversar com ela, mas você não precisa tentar esconder de mim quando algo te incomodar.
- Não fale com ela, por favor. - Pediu Caroline. A ideia de colocá-lo no meio do problema era horrível.
- Foi muito rude da parte dela.
- Bom, não posso culpá-la. Você pode? Talvez ela tenha razão.
- Carol, que idiotice.
- Eu também teria essa reação se estivesse no lugar dela. - Correu os olhos pela sala, desolada. - Acho melhor ir me acostumando com o ódio das pessoas.
Taylor balançou a cabeça, desaprovando, mas não fez mais nenhum comentário sobre o assunto.
- Ei, escute... acabei de conversar com o Ike, vamos tocar hoje em um festival em uma cidade aqui perto. Gostaria que fosse. - Ele sorriu, obviamente achando que a notícia a animaria.
- Han... é? - A garota teve dificuldade em esconder sua angústia.
- Qual é Carol, vai ser divertido. Vamos, é um show pequeno, não estará muito cheio.
- Vou, é claro... vai ser meio complicado ficar escondida em uma cochia enquanto Kate e Nikki lançam olhares de raiva pra mim, mas talvez seja a oportunidade perfeita para elas me enforcarem com o...
- Quem falou em backstage? Você pode assistir da plateia mesmo. Vou confirmar com o Ike que você estará lá. Vai ser engraçado, você poderá lembrar com clareza da época em que não estávamos juntos.
- Vou me lembrar com clareza de uma época bem mais simples... - Disse ela baixinho, mas ele já havia se afastado.
*****
Caroline nunca havia estado dentro do ônibus. Estava fascinada, embora tudo ali tivesse um cheiro extremamente incômodo. Mas, ao contrário do que havia previsto, era a única mulher a acompanhá-los naquele dia, o que a deixou um pouco mais calma. Quando estacionaram diante da casa de shows, rapidamente notaram a fila de fãs que já aguardava. Caroline se recostou contra o balcão do ônibus e ficou observando a discussão entre os irmãos.
- Só quinze músicas tá bom? Eu realmente não estou afim de alongar a noite por aqui.
- Cara, você é deprimente...
- Qual é Taylor, preciso voltar cedo para casa.
- Uhh, senão vai ficar de castigo? - Isaac zombou do mais novo. Zac o fuzilou.
- Obrigado Ike, essa atitude ajuda bastante.
- Zac, essas fãs já vão ter poucos shows esse ano... não custa nada...
- Falta de consideração com elas...
- Ah, que saco vocês dois!
Taylor ignorou o irmão, e passou a falar somente com o mais velho.
- Depois precisamos dar uns autógrafos.
- Epa, pera aí. - Zac interrompeu. - Para com isso Taylor, é sério, eu não posso ficar me demorando. Kate precisa de mim hoje.
- Ela anda muito mal humorada, acho que precisa de outra coisa...
Zac tentou avançar nele, mas foi impedido por Isaac, que se colocou entre os dois, tentando encontrar uma solução.
- Vamos fazer assim... só quinze músicas, mas autógrafo depois, beleza?
- Isso é pior ainda Isaac, esse negócio de autógrafo demora quase o tempo de outro show.
- Exagerado... - Taylor revirou os olhos.
- Vai se ferrar Tay, eu não fiquei em casa a semana inteira porque precisei resolver as merdas que você deixou pendentes quando resolveu fugir...
- Cala a boca, ok?
- Vamos fazer o seguinte. - Isaac resolveu encerrar a discussão. - Ainda faltam três horas para o show, damos os autógrafos agora... no show, tocamos umas quinze músicas mais o encore, e voltamos direto para Tulsa. Pode ser?
Zac deu de ombros, se afastando. Taylor revirou os olhos novamente, indo até Caroline, que estava de olhos arregalados.
- Bem intenso né? - Comentou ele despreocupadamente, deixando claro que aquele tipo de briga era frequente. Ela riu, nervosa.
- Bom, te espero aqui então. - Disse a garota, vendo que eles se preparavam para sair do ônibus.
- Do que está falando Carol? Você vem com a gente.
- Não precisa. - De repente, ela ficou ansiosa.
- Ué, vai ficar no camarim então? Pensei que quisesse assistir da plateia...
- Eu quero. - Ela respondeu imediatamente. - Mas essa não é uma boa ideia, todo mundo vai me ver saindo daqui...
Taylor riu, puxando-a para fora do ônibus, onde Isaac e Zac já aguardavam. Ela não teve alternativa senão seguí-lo.
*****
- Quem é essa menina?
- Você viu que ela desceu com eles?
- Vadia.
- Deve ser alguma babá...
- E por que está na fila sozinha?
- Groupie nojenta...
- Vadia.
Os cochichos e sussurros vinham acompanhando Caroline desde o momento em que ela colocara os pés para fora do ônibus. Era simplesmente aterrorizante estar entre tantas garotas que pareciam dispostas a matá-la a qualquer segundo, mas depois de uma hora e meia ouvindo aqueles comentários, já estava começando a se acostumar.
"Vou matar o Taylor, não acredito que ele fez isso comigo." Ela pensava, de braços cruzados na fila, tentando ignorar os muitos olhares de desprezo em sua direção. Tentou se distrair pensando em coisas boas, como seu casamento e a perspectiva de passar seus últimos dias ao lado de quem sempre amara. Estava começando a esquecer a situação desagradável em que se metera, quando alguém a cutucou nas costas.
- Olá. Se lembra de mim? - Perguntou uma voz cristalina. Caroline se virou, reconhecendo na hora aquele rosto. Os cabelos que costumavam ser longos e loiros estavam agora vermelhos e repicados na altura dos ombros, e ela parecia estar com vinte quilos a menos. Mas os olhos eram os mesmos. Frios.
- Oi, Maggie. - Disse Caroline secamente, desviando o olhar.
- Nossa, que grosseria. Por que está falando assim?
- Ah, mil desculpas. Não estou acostumada a ser educada com quem me cumprimenta com um soco no nariz.
- É, sobre aquilo... você tinha algo que eu queria, não é? As coisas são assim mesmo.
Caroline revirou os olhos dando as costas à garota, mas ela não se deixou intimidar.
- Por que você estava no ônibus com eles?
- Eu não estava.
- Não seja idiota, todo mundo tirou fotos, daqui a algumas horas elas vão estar espalhadas por toda a internet.
Sentiu um arrepio ao ouvir aquilo. Fotos, ela não havia pensado nisso. Outro meio de aumentar os rumores. Mas, supôs, se não importava para Taylor, não importava para ela.
- Não é da sua conta o porque de eu estar lá. Por favor, saia, eu não quero ficar falando com você.
- Você é a amante dele não é? Pode dizer, todo mundo já sabe.
Caroline a ignorou.
- Você vai se arrepender disso. Marque bem minhas palavras. - Prometeu Maggie, tremendo de raiva, e voltou marchando ao seu lugar na fila.
*****
Foi difícil evitar a nova onda de olhares raivosos que começaram a partir daquele momento, afinal, sua conversa com Maggie não havia sido exatamente discreta. Os sussurros maldosos a acompanharam durante todo o restante de tempo na fila e também durante o show, que Caroline considerou o pior da sua vida. No fim da apresentação, enquanto um segurança a conduzia pelo interior da casa de shows, ela pensou que as coisas finalmente iriam melhorar, mas não foi exatamente o que aconteceu. Mesmo com a porta do camarim apenas entreaberta, era possível escutar de longe a discussão.
- Você é um retardado mesmo, não tinha nada que trazer a menina! - Berrava Zac.
- Eu não tenho motivos para escondê-la, ela faz parte da minha vida agora, logo, faz parte da sua também!
- Foda-se isso, nós somos uma banda, temos uma imagem a zelar, cada dia que passa saem rumores sobre alguma merda que você fez, e o pior de tudo é que são todos verdade!
- Cresce Zachary, desde quando alguém aqui se importa com rumores?
- A questão não são os rumores seu imbecil, são os escândalos em que você fica se metendo, levando essa garota pra tudo quanto é canto enquanto sua esposa de verdade fica presa no papel de ba...
- Cale a boca, isso não é você falando! - Disse Taylor com raiva. - É a Kate que fica colocando essas merdas na sua cabeça, só porque ela...
- Cale a boca você, não coloque a minha mulher no meio da história! A culpa não é da Kate se você resolve se arrastar pra primeira vadia que aparece.
Taylor se levantou, os punhos cerrados. Isaac, que até então estivera apenas assistindo, se colocou imediatamente entre os dois.
- Manos, odeio interromper essa conversa tão agradável... - Falou ele, na voz mais calma do mundo. - Mas temos companhia.
Os outros dois se viraram. Caroline estava parada junto à porta, absolutamente perplexa com o que via. Zac não mudou sua expressão de ódio. Saiu do camarim, bufando ao passar por ela, deixando bem clara a sua opinião sobre a presença da garota ali. Isso a deixou trêmula. Isaac, por sua vez, lançou a ela um olhar envergonhado, como quem se desculpa. Murmurou algo sobre ir atrás de Zac, e também deixou o quarto, e Caroline pôde finalmente se focar no rosto de Taylor, martirizado, as piores emoções ali misturadas; raiva, pena, culpa, tristeza, vergonha.
- Eu sinto tanto... - Sussurrou ele, se aproximando. - Me desculpe, ele não sabe do que está falando... ele não sabe o que está fazendo, sei que gosta de você, no fundo... me desculpe.
- Não se preocupe, está tudo bem. - Disse ela com a maior naturalidade possível, tentando esconder a vontade de chorar. Mas era mais do que claro que não estava tudo bem.
- Eu nem sei o que dizer, Carol... estou me sentindo péssimo.
- Então acho que é isso...
- O que?
- Não sei bem como perguntar isso Taylor, mas... você não vai desistir? Acho que estou complicando sua vida mais do que a gente esperava... - Ela levantou o rosto timidamente, sabendo o que ele diria, mas querendo ver a verdadeira resposta em seus olhos. Não conseguiu, pois ele se adiantou para abraçá-la. O que na verdade, valia mais do que qualquer resposta.
- Nunca desistiria de você. Prometo que isso vai passar. Tudo vai passar, e no fim sei que terá valido a pena.
" If the sun will rise tomorrow, I could make it through today. "
Não sei se todo mundo que lê a fic abre essa parte de comentários, mas acho que é o único lugar que dá pra eu falar isso. Queria me desculpar pela demora em atualizar (quase dois meses e.e), mas tive vários problemas com o pc em que guardo os capítulos. #fail. Vou tentar postar com mais frequência do que antes pra compensar. E já que você está lendo isso, quer dizer que voltou aqui depois desse tempão, então... muito obrigada pela paciência, hahah.
ResponderExcluirto adorando a fic. continua escrevendo. bjo :)
ResponderExcluirAdoro a fic. Vou adorar que continue atualizando. Depois podemos trocar links. Acho que você escreve muito bem e a história, embora um pouco clichê, é muito boa. Adoro romances que me fazem chorar e ainda mais com o Taylor hahaha. Beijos
ResponderExcluirE atualiza logo! :)
ameeeeeeei! como sempre, perfeitaa!
ResponderExcluirCLARO QUE ADORAMOS E VAMOS VOLTAR SEMPRE MESMO QUE VOCÊ DEMORE!!!! I-HUL!
ResponderExcluirBEIJOSSSSSSSSSSSSSS
sempre entro pra ver se postou e vejo os comentários,já virei fããã,uhuu,pode postar + q estou louca pra ver o desenrolar da história...bjoss
ResponderExcluirsempre entro pra ver se postou e vejo os comentários,já virei fããã,uhuu,pode postar + q estou louca pra ver o desenrolar da história...bjoss,bela
ResponderExcluirsou mais uma das que entra sempre pra ver se tem post novo, aliás sou leitora fiel! adoro a história e cada vez mais o taylor!
ResponderExcluirpasmei com a kate, falsida pura essa bicha! hahaha
espero que não demore muito pra postar o cap 10, não vejo a hora de saber como o tay e a carol vão fazer pra se casarem!